• Capítulo Um (Parte I) •

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Naquela noite fria, todos os rostos estavam petrificados

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Naquela noite fria, todos os rostos estavam petrificados. Havia o som do desespero, das vozes afoitas e dos sussurros ininteligíveis. Ninguém acreditava no que diziam ter visto, nem mesmo nos gritos que rasgavam o ar através da garganta de Victoria.

A doce Victoria, tinha os dedos trêmulos sobre o corpo de um homem outrora vivo e chorava desesperadamente, enquanto todos olhavam a cena como se fosse uma mentira.

Mas como acreditariam que aquilo era verdade? Parecia coisa de filme de suspense ou de terror, como muitos ali poderiam crer. Victoria ainda estava vestida com seu enorme e suntuoso vestido branco, que naquele momento estava manchado por crostas de lama.

Ela estava ajoelhada diante de Christopher, que estava deitado e inerte à beira do lago Hope. Os olhos escancarados como se tivesse visto algo apavorante antes de deixar um último fio de vida lhe escapar por completo.

De fato, mais parecia um filme de terror.

Duas semanas antes, Victoria estava ali, na beira daquele mesmo lago que pertencia à enorme propriedade dos Cavendish e juntamente com Christopher falavam sobre como seria a vida de ambos após a volta da lua de mel na Polinésia Francesa. Era um piquenique, comum como tantos que vieram antes daquele, mas que naquele momento de dor, parecia importante demais. Como ela saberia que seria o último piquenique dos dois?

Havia sido há duas semanas? Pois para Victoria isso já parecia ter sido há meses. Talvez porque depois daquele sábado, ela teve sua vida tomada pelos últimos preparativos do casamento iminente. O seu casamento com Christopher Cavendish.

A imprensa a chamava de Cinderela, logo ela que odiava conto de fadas, nunca acreditou em nada daquilo porque sabia que era melhor viver uma vida sem sonhos ou expectativas quando não se tem muito. Ela e Lucius, seu irmão mais novo, nunca tiveram nada de mão beijada, sofreram o inferno na terra para conseguirem viver, sobreviver e vencer após a morte dos pais.

Ela abriu mão de ir para a universidade, para que seu irmão tivesse a oportunidade, e sentiu-se orgulhosa quando ele conseguiu uma vaga em uma universidade de prestígio, para estudar arquitetura. Foi ali que a amizade entre um simples Monroe e um Cavendish se iniciou. Lucius e Christopher tinham praticamente todas as aulas juntos e quando se deram conta, eram melhores amigos, parceiros de trabalho e Victoria foi tragada para dentro dessa amizade.

Quando se deu conta de estava beijando Christopher sob o entardecer de uma tarde de outono, e soube que teria problemas para ser aceita pela tradicional família Cavendish, mas não se importou porque sempre gostou de desafios e havia uma pitada de atrevimento por saber que estaria quebrando paradigmas e enfrentando pessoas tão mesquinhas quanto alguns membros daquela nobre família.

A situação ficou mais fácil quando Alexei, um amigo croata de Christopher, colocou os olhos sobre Victoria e garantiu que ela tinha um futuro brilhante como modelo. Victoria reagiu a tal comentário com uma risada, até perceber que Alexei não estava brincando.

Doce VenenoWhere stories live. Discover now