Capítulo 12

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Emma passeava nos arredores da cabana e vez ou outra parava para colher alguma planta ou flor para enfeitar o interior da casa. Achava que o lugar estava muito sem cor e sem graça e era seu dever mudar aquela situação. Naquela caminhada também aproveitaria para pegar um pouco de água de um riacho ali por perto. Segurava um balde e colocava as flores e plantas no bolso de seu recém-adquirido avental.

A manhã estava linda como agora era costumeiro ser. Não se parecia em nada com o dia em que... Em que... Bem, com os dias de chuva que tiveram durante algumas semanas. Emma parou pensativa. Ela sentia que havia algo errado consigo. Algo errado com seus pensamentos. Não exatamente com os pensamentos, mas com o que não estava pensando. Sabia que deveria pensar em alguma coisa – e seus instintos diziam que era alguma coisa séria -, se lembrar de pensar nela, mas toda vez que tentava, tudo o que lhe vinha era um imenso vazio. Aquilo certamente a incomodava.

Foi tirada de seus pensamentos pelo piar de um pássaro que aparentemente estava perto, mas escondido o bastante para não ser descoberto pela visão de Em, que respirou fundo e continuou sua caminhada. Era estranho como suas pernas haviam simplesmente se acostumado àqueles caminhos, elas andavam automaticamente sem nem ao menos hesitar entre uma curva ou outra.

Finalmente Emma chegou ao riacho que fazia seu caminho tranquilo atravessando o bosque. Ela sorriu, o barulho da água correndo era calmante e temporariamente a fazia se esquecer de praticamente todos os problemas. Em tirou os sapatos surrados que usava e dobrou a barra da calça até pouco abaixo dos joelhos, adentrou o riacho e caminhou para um pouco mais adiante, onde poderia encher o balde de água fresca. Enquanto esperava a água deslizar para dentro do utensílio, perdeu-se em pensamentos enquanto encarava seu reflexo na água clara. Ele parecia expressar uma carranca apesar da garota ter certeza de que seu rosto tinha uma expressão neutra. Achou melhor deixar para lá o fato, já que muitas coisas naquele bosque eram estranhos. Assim que o balde se encheu, Emma levantou-se e caminhava na direção de seus sapatos quando ouviu um murmurar.

– Quem está aí? – perguntou afastando-se do rio um pouco mais. Não houve resposta. – Devo estar ficando maluca... – Sussurrou para si mesma.

– Não, mas vai ficar se não sair deste bosque logo. – Ouviu alguém dizer. Olhou ao redor em busca da pessoa, mas não encontrou ninguém. Era estranho, mas parecia que a voz vinha não de cima ou dos lados, mas de baixo. Em encarou novamente seu reflexo no rio abaixo de si e conseguiu reprimir um gritinho assustado quando o mesmo continuou a dizer. – Você não deveria estar aqui. – O reflexo resmungou.

– Oh meu Deus! – Emma conseguiu exclamar e saltitar para fora da água.

– Você precisa voltar para casa! – o reflexo continuou a dizer.

– Essa é a minha casa! – Em exclamou de volta como se fosse óbvio.

– Esse bosque não é o seu lugar! – A voz sem corpo continuou.

– Não, cale a boca! – Emma se viu gritando e tapando os ouvidos como uma criança assustada.

– Já esqueceu de mamãe e papai?! – o reflexo gritou do rio. – E quanto a Niall?!

Emma parou de tentar não ouvir os berros vindos do riacho quando ouviu o nome de Niall ser citado. Como pôde se esquecer de Niall? De seu irmão?

Os soluços começaram pouco depois das lágrimas. O que ela estava fazendo ali? Por que parara de procurar por seu irmão ou pelo caminho de volta para sua casa? Seus olhos estavam embaçados e uma pressão irritante nos ouvidos a impedia de ouvir direito, mas conseguiu captar algo como "cuidado com o chá" vindo do riacho.

Segundos depois, despertou no rotineiro sofá da cabana, o corpo suado e os olhos marejados. Ela precisava voltar para casa.

A Casa Do BosqueWhere stories live. Discover now