Capítulo 13

4 1 0
                                    

"Cuidado com o chá" era tudo o que ecoava em sua mente. Desde que despertara na madrugada anterior daquele pesadelo horrível, aquela era a frase que permanecia insistente em sua cabeça. O chá, o que poderia haver de errado com o chá que Harry lhe oferecia? Era certo de que era estranho o rapaz oferecer a bebida a todo instante, principalmente depois de pesadelos e noites mal dormidas, mas aquelas atitudes deveriam ser suspeitas? Emma tinha medo da resposta. Ela tentou não pensar no sonho que tivera, mas a imagem de seu reflexo lhe fazendo acusações e dizendo que ela havia esquecido dos pais e de Niall simplesmente não saía de sua cabeça. Como ela pôde? Como conseguira passar tanto tempo sem sequer pensar na família? Ela não sabia a resposta, mas estava disposta a mudar aquilo. Voltaria a tentar achar seu caminho de volta para a vila e torceria para encontrar Niall – por mais que o tempo tivesse passado, ela ainda tinha esperanças débeis de encontrar o irmão vivo.

Naquela manhã, decidiu beber apenas água nas refeições, não aceitando nenhum dos chás que Harry lhe oferecia. Poderia ser só coisa de sua cabeça doente por estar por tanto tempo longe da civilização, mas não custaria nada se abster da bebida por algum tempo, tempo esse que usaria para voltar para casa. Daquela vez ela decidira que não contaria com a ajuda do peculiar rapaz dono da cabana, parecia que quando pedia ajuda a Harry, coisas sinistras tendiam a acontecer e ela já estava cansada de coisas sinistras.

Depois de ajudar a preparar o jantar, Em e Harry sentaram-se à mesa como de costume, um de frente para o outro e uma vela no centro da mesinha iluminando ambos. O rapaz estava um tanto calado naquele instante, talvez se ressentindo por mais uma recusa da parte de Emma ao seu chá recém-preparado. Ele parecia bastante chateado... Ou talvez apreensivo, Em não sabia dizer direito, embora as duas expressões fossem claramente diferentes em pessoas normais. Mas não se tratava de uma pessoa normal, se tratava de Harry.

Os dois comeram em silêncio por algum tempo, até a garota fazer uma careta e começar a falar.

– Não acho justo nós dois compartilharmos a mesma casa por semanas e não sabermos nada um do outro. – Ela disse simples, fazendo o rapaz encara-la de forma curiosa.

– Você é Emma Kloss e eu sou Harry Styles, o que mais poderíamos querer saber um do outro? – Ele ergueu a sobrancelha, divertido, deixando de lado seus talheres.

– Qual sua cor favorita? – Em perguntou, fazendo o rapaz gargalhar. – O quê?

– Sério, Emma? – Styles questionou ainda com vestígios da gargalhada no rosto. – Minha cor favorita?

– Oras, precisamos começar por algum lugar! – A garota reclamou da zombaria fazendo bico.

Um longo instante de silêncio perdurou.

– Preto. – Disse por fim.

– Hum? – Emma perguntou distraída, já que estava ocupada pensando em outra pergunta melhor para fazer.

– Minha cor favorita. Preto.

– Previsível. – Ela soltou num sussurro para si mesma. – A minha é azul. – Declarou sem se importar se o outro gostaria o não de saber daquilo.

– Você parece mais o tipo que gosta de rosa... – Harry murmurou e depois gargalhou quando Em deu-lhe língua.

Após uma rodada de perguntas triviais da parte de ambos, Emma maquinava pensando no que mais poderia perguntar. Foi então que surgiu a dúvida em sua mente.

– Harry... – Ela começou um pouco hesitante. – Como foi que você veio parar aqui, nessa cabana? – perguntou encarando o rapaz a sua frente.

Harry, que até então brincava com o resto de comida em seu prato, ergueu o olhar sério para encarar Emma.

– Quero dizer, você mora aqui sozinho, no meio desse bosque esquisito e cheio de armadilhas... Como foi que... – Ela foi interrompida com o levantar brusco de Harry, que desviou o olhar dela e agora se encaminhava em direção à pia com seu prato e copo nas mãos.

Ele lavou sua parte da louça com rapidez e manteve-se calado, o que incomodou Em.

– Harry... – Ela aproximou-se do rapaz, que se esquivou indo em direção à porta de seu quarto.

– Boa noite, Kloss. – Murmurou ele antes de fechar a porta sem esperar retorno de sua hóspede.

A Casa Do BosqueOnde as histórias ganham vida. Descobre agora