Strangers

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O celular de Sirius Black tocava sem parar há dez minutos, no mínimo. E ele sabia muito bem quem era: James Potter. Seu irritante melhor amigo, cujo casamento aconteceria em breve, e para o qual ele desesperadamente queria Sirius como padrinho. Sem mais paciência para ignorar as ligações, o Black decide finalmente se dar por vencido.

— Alô — disse ele sem animação, como se não soubesse quem era.

— Puta merda, até que enfim você atendeu essa porra! — James gritou irritado.

— Agradeceria se não xingasse tanto!

— E eu agradeceria se você agisse feito gente e me desse sua resposta de uma vez... sabia que eu caso em um mês? UM MÊS!

Sirius bufou, mas quase riu do tom realmente desesperado de James.

— Eu disse que te responderia quando você tivesse aquela resposta pra mim.

James suspirou, sabendo que não tinha a resposta que o amigo queria.

— Você já tentou argumentar ou convencer Lilian de alguma coisa? Eu tenho certeza que sim, por isso, acho que sabe que é simplesmente impossível conseguir isso. Até mesmo porque, eu mesmo não concordo muito. Então me faltaria convicção.

— James, você não tem voz nesse relacionamento, já te disse isso?

— Cala a boca, Sirius — pediu James, irritado. —, vou ser bem sincero, Remus vai ser o padrinho de Lilian, e ninguém vai impedir isso, cabe a você decidir se vai me deixar na mão e virar as costas, ou vai ser um homem de palavra e estar ao meu lado quando disser sim àquela mulher linda e brava.

James soou bem confiante, e Sirius pensou se ele havia ensaiado aquilo antes, ou se eram palavras de Lilian.

Apesar de tudo, Sirius sabia que era infantil querer perder a chance de estar ao lado de James em seu dia mais importante, apenas porque não conseguia segurar seu próprio coração em relação a Remus Lupin. O homem incrivelmente lindo de quem Sirius se separou alguns meses atrás, onze meses, para ser mais exato. Estavam quase chegando a um ano separados, sem se ver, sem se falar.

Não seria nada fácil estar com ele em diversas ocasiões e ainda dividir atenções e tarefas no dia do casamento. Não que houvesse raiva, não por parte do Black, pelo contrário, havia saudade e arrependimento... muita saudade, e muito arrependimento.

De olhos fechados, já imaginando como tudo seria incrivelmente complicado, ele por fim disse:

— Tá bom, James Potter. Serei a porra do seu padrinho.

A risada de James soou pelo telefone e ele parecia ter ganhado uma aposta ou coisa parecida, mas no fundo, estava feliz em ter seu melhor amigo ao seu lado. O dia estaria incompleto sem ele, e por mais que o Potter soubesse das complicações, ainda tinha esperança de que tudo acabasse bem. Melhor até do que qualquer um poderia prever.

— Te vejo amanhã então — disse James, com naturalidade.

— Já?

— Sim, preciso decidir as roupas, e você também. Te mando o endereço por mensagem. Tchau, compadre!

Sirius desligou e se jogou no sofá, já sentindo o arrependimento de ter aceito correndo pelas veias. Mas... era tarde demais.

[...]

Remus estacionou o carro a duas ruas da loja do alfaiate, o centro estava lotado, o que era típico de um sábado de manhã. James havia ligado na noite anterior, lhe alertando sobre quem também estaria na alfaiataria naquele dia. Remus, como bom homem adulto que era, disse que não existia problema algum e que o alerta nem mesmo era necessário. Mas, enquanto caminhava em direção ao inevitável encontro com Sirius Black, suas pernas compridas pareceram mais com gelatina do que ele gostaria de admitir.

About Time | WOLFSTARWhere stories live. Discover now