All over the place

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Lilian estava com uma das máscaras de rosto que comprou por impulso na internet quando seu celular começou a tocar. Era seu momento de relaxamento, por isso pensou em ignorar, mas, seu noivo atrapalhado estava fora de casa e algo lhe dizia que ele poderia estar em apuros com alguma das três funções que ela lhe passou naquela manhã. Ao atender, porém, ouviu o suspiro característico de Remus Lupin.

— Remus? — perguntou, para confirmar.

Sim, infelizmente.

— O que foi? — Ela sorri, sem dó do amigo.

E você ainda pergunta? — Remus estava chateado, mas não o suficiente para não soar um tanto divertido.

— Foi tão ruim assim? Ele foi babaca com você?

Não — disse, suspirando. —, mas foi... Sirius, como sempre.

— O que foi que eu te disse, Remus?

Você evita tanto encontrar com ele porque sabe tudo o que vai sentir — ele disse, imitando a voz mais fina de Lilian.

— Exato. E olha, não me ache pretensiosa, eu sei que não foi fácil, sei o motivo de terem terminado, e talvez precisassem mesmo. Mas, querido, se quase um ano depois nada do que sentia se moveu do lugar nem mesmo um centímetro, acho que isso quer dizer alguma coisa.

Não sei se posso fazer isso — confessou, num tom mais baixo.

— O quê? Ser padrinho ao lado dele ou... tentar de novo?

Os dois.

Lilian foi quem suspirou agora. Ela nunca quis evitar o encontro deles no casamento, porque era infantil, e sabia também ser uma possibilidade de resolução das coisas não ditas e dos sentimentos varridos para debaixo do tapete, mas não queria vê-lo sofrer por isso. Se ele achasse que aquilo tudo era demais para ele, não teria como ela não entendê-lo, afinal, esteve presente em todos os processos daquele relacionamento, desde o começo, à fase lua de mel, ao cotidiano fácil, ao cotidiano difícil e finalmente ao esgotamento.

— Remus, se for muito difícil, posso dar um jeito. Deixamos apenas o dia da cerimônia como necessário, os outros compromissos a gente rearranja.

Ela sentia que ele diria que sim, que era isso que queria, mas ele não disse.

Tá tudo bem, eu preciso de um tempo pra digerir as minhas próprias reações, ele não fez nada demais, só preciso me lembrar de tudo, não só de como ele é lindo com a barba por fazer ou de como seu ciuminho bobo me faz ter borboletas no estômago. — Ele riu seco de si mesmo. — Preciso lembrar de como a convivência com ele pode ser intensa num nível que não aguento. E de que talvez ele nunca consiga se adequar a uma vida... calma.

— Tudo bem, eu entendo. Mas, você vai me contar o que tem por trás dessa frase toda? — Lilian estava morrendo para saber o que o levou a pensar sobre a beleza de Sirius daquela forma e em que parte rolou ciúmes.

Vou, amanhã, quem sabe. Preciso dormir.

— Tudo bem, te vejo no Garden amanhã? Ainda preciso de ajuda com muita coisa.

Claro, noivinha... claro.

Assim que encerram a chamada, James estava entrando em casa, e ao se olharem, sabiam muito bem que talvez tivessem confiado um pouco demais nas certezas que tinham sobre a vida alheia.

[...]

Sirius se olhou mais uma vez no espelho, colocando parte do cabelo atrás da orelha, depois retirou, colocou então os dois lados atrás das orelhas, não parecia bom. A jaqueta de couro seria permitida naquele jantar, mas não no casamento, foi o trato com James. Era o suficiente, usar terno e gravata mais de duas vezes era demais para ele... e esse era o único motivo, pelo menos o único que ele admitia a si mesmo.

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