Our silence

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— Não consegue mesmo pra hoje, Gary? — Remus perguntou pela terceira vez ao mecânico.

— Vou tentar, senhor Lupin, mas vai ser quase impossível — ele respondeu, naquele tom calmo que sempre teve.

— Tudo bem, obrigado. Pode me ligar assim que estiver pronto.

Desligou depois de ouvir uma confirmação e um disponha do homem e suspirou ao jogar o celular no sofá. Na semana que mais precisava de seu carro, ele resolvia dar pane pela segunda vez. Lilian tinha passado a pequena lista com a qual precisava de ajuda e Remus havia escolhido simplesmente a que o levaria para o outro lado da cidade. A artista que fez os noivinhos do bolo é bem reclusa e não faz entregas, por isso, ele tinha que ir até lá no meio da tarde para buscar as miniaturas perfeitas e totalmente realistas que Lilian tanto desejou.

Gastar aquele tanto em uber o deixava irritadiço, por isso como um bom Londrino, ele decidiu ir de metrô. O dia estava cinzento desde cedo e quando ele decidiu sair de casa, — vendo que Gary não ligaria mesmo — perto das três da tarde, as nuvens já estavam mais escuras e prometiam derramar mais água do que nos últimos dias.

Lupin queria fazer tudo antes que isso acontecesse, assim não precisaria pedir um carro para buscá-lo. Mas, assim que chegou até o ateliê de Edith, ela lhe ofereceu uma xícara de chá e disse que precisaria de mais alguns minutinhos. Esses que viraram meia hora, depois quarenta e cinco minutos, depois uma hora completa.

Remus já estava enjoado de chá e batia o pé sem parar na salinha de espera, olhando pela janela a chuva chegando cada vez mais perto. Pensou em dizer a ela que voltaria no dia seguinte, mas no dia seguinte tinha coisas novas para fazer, inclusive de sua vida pessoal, que estava em espera durante esse caos do casamento.

Precisava sair dali com aqueles bonequinhos, não tinha jeito.

E como se fosse combinado, quando Edith saiu da sala com o embrulho em mãos, as gotas pesadas e constantes começaram a cair. Remus suspirou, sabendo que estava mesmo em um dia bem merda, pegou o embrulho e pediu mais alguns minutos ali na sala de espera, mas sem aceitar a quarta xícara de chá que ela oferecia.

Abriu o aplicativo de uber e pediu por um carro, o preço estava exorbitante, mas não havia opção. Um táxi cobraria quase o dobro, isso se aceitasse a corrida. Bem, se alguém aceitasse ele já estaria mais aliviado. Mas ninguém aceitou.

Quinze minutos e nenhum bendito motorista aceitou seu chamado.

— Ah, não é possível... — resmungou.

Estava ficando angustiado, e aparentemente, Edith também, já que nos minutos que Remus ficou ali, ela já havia arrumado sua sala e estava fechando tudo, parecendo muito querer ir embora. Isso porque nem era cinco e meia ainda.

Sentindo sua ansiedade se elevar, Lupin decide ligar para James e pedir que o buscasse. Mesmo que ele estivesse ocupado, ele teria que salvar seus bonequinhos.

O Potter atendeu no quarto toque, parecendo esbaforido.

— James, você pode vir me buscar aqui na moça dos bonequinhos? Tá caindo a maior chuva e nenhum uber quer aceitar a corrida.

— Puts, Remus, estou em Cambridge a trabalho, só vou conseguir voltar à noite.

— E Lilian? — ele perguntou, mesmo sabendo que ela tinha compromissos ligados ao casamento todo santo dia.

— Ela está com a mãe e as primas na costureira... ela não olha o celular há horas.

Remus suspirou, vendo que perderia o resto da tarde para tentar sair dali.

About Time | WOLFSTARWhere stories live. Discover now