01: Fear can come but it can't catch me

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"Quem não deve não teme. Ou, até mesmo quem não deve pode sentir temor de vez em quando."

ㅡ Esse é um dos casos mais complicados que já vi em toda a minha vida. ㅡ Suspirou Jongseong, desviou o olhar tentando esconder a sua preocupação falhando miseravelmente. ㅡ Tem certeza de que você quer continuar nesse caso, Heeseung? Podemos evitar dores de cabeça, aparentemente este caso não tem resposta nenhuma.

Heeseung se levantou da cadeira onde estava sentado, bebericou o café que estava em suas mãos e colocou a xícara em cima da mesa de seu chefe.

ㅡ Não confia mais em mim, delegado? ㅡ Riu soprado. O sarcasmo no tom de voz do Lee era perceptível. ㅡ Desde quando eu deixo um caso desse tipo de lado? Duas famílias estão sofrendo neste momento com a dor da perda e é meu dever encontrar o demônio que tirou a vida de dois jovens que tinham tudo pela frente! Sou responsável pela divisão de crimes violentos, então é minha obrigação lidar com isso juntamente com minha equipe. Portanto, com todo o respeito, nunca mais me peça algo tão egoísta.

Heeseung foi chamado na sala do delegado Park para conversar sobre o caso "Street 419", nome dado ao mesmo, visto que este é o nome da rua onde tudo aconteceu. Jongseong não tinha confiança nenhuma na equipe de Heeseung para a investigação por falta de provas, testemunhas e daria menos trabalho se o caso fosse engavetado. Sim, infelizmente Park Jongseong era esse tipo de pessoa miserável que só se importava com si próprio. E Heeseung sabia disso.

ㅡ Bom dia, detetive Lee! ㅡ Noah, o perito criminal australiano sorriu cumprimentando seu superior. ㅡ Aconteceu alguma coisa?

ㅡ Avise para o resto da equipe que teremos uma reunião daqui a dez minutos. Todos precisam estar lá.

Heeseung foi para a sala de reuniões, raciocinando sobre todas as provas (lê-se nenhuma) que tinha em mãos.

Todos os suspeitos eram jovens demais. Principalmente Nishimura Riki, que tinha apenas quinze anos de idade. Isso já era um grande motivo para ele deixar de ser um suspeito. Entretanto, o detetive Lee sabia que nos dias de hoje, não tem idade para ser um assassino.

ㅡ Todos estão aqui? ㅡ Perguntou Heeseung. Passou a mão em seus cabelos e assim, prosseguiu. ㅡ Bom, hoje não quero prolongar as minhas palavras. Tenho certeza de que todos estão cientes do caso street 419 e provavelmente sabem que não temos nenhuma prova. ㅡ Era visível a frustração em seu olhar. Porém, respirou fundo e continuou a falar. ㅡ Temos três suspeitos. Todos eles são apenas jovens, mas isso não significa muita coisa. Vamos investigar um por um. Começando por Park Sunghoon, o melhor amigo do Yang Jungwon.

ㅡ Senhor, por onde devemos começar exatamente? ㅡ Um homem que havia entrado há pouco para a divisão de crimes violentos, questionou.

ㅡ Comecem pela rotina dele. Precisamos descobrir onde ele estava no dia em que tudo aconteceu.

A reunião foi muito breve. Todos tinham muito trabalho pela frente e não tinham tempo nem para respirar direito. Heeseung, por sua vez, saiu da delegacia com um copo enorme de café puro sem açúcar. Ele costumava fazer isso quando estava cansado ou estressado. Nesse caso, as duas opções servem. Respirou fundo mais uma vez. Olhou para os céus e finalmente voltou ao seu estado normal.

Obviamente, Heeseung estava um passo à frente dos seus colegas de trabalho. Sabia algumas coisas sobre Park Sunghoon, porém, precisava de mais informações e daria menos trabalho deixar tudo com seus colegas enquanto investigava atentamente a cena do crime.

De acordo com suas pesquisas, Heeseung descobriu que Park Sunghoon costumava ser reservado e arrogante na maioria das vezes. Tratava até seus próprios amigos com desdém e evitava o máximo de contato com as pessoas em sua volta e a única pessoa que ele confiava tinha ido dessa para melhor. O Lee estranhou pois de acordo com algum de seus contatos, Sunghoon foi o único que não se abalou tanto com a morte de Jungwon e isso de fato, era um tanto bizarro visto que os dois eram melhores amigos. E além disso, a última pessoa que Yang Jungwon teve contato antes de sua morte foi Park. Mais um motivo para Heeseung suspeitar do rapaz, todavia, ele também sabia que esse tipo de caso sempre traz reviravoltas inesperadas. Então, tratar Sunghoon como se fosse um assassino perigoso seria antiético, já que ainda faltavam investigar duas pessoas.

Heeseung não estava pensando muito bem. Mesmo sabendo poucas coisas sobre Park Sunghoon, ele está parado na porta da casa do garoto neste exato momento com uma expressão vazia, indescritível. Antes que pudesse tocar a campainha, a porta se abriu revelando uma mulher de estatura média, aparentava ter quarenta anos de idade e suas madeixas negras estavam presas em um coque formal.

ㅡ Posso ajudá-lo? ㅡ A mulher observava Heeseung dos pés a cabeça.

ㅡ Park Sunghoon se encontra? ㅡ Perguntou educadamente.

ㅡ Do que se trata?

Ela mantinha uma expressão séria e carrancuda. Parecia uma bruxa que estava prestes a cometer um crime de ódio.

ㅡ Meu nome é Lee Heeseung, sou o detetive encarregado de investigar a morte de Yang Jungwon e Kim Sunwoo. ㅡ A expressão séria da mulher ainda se mantinha firme. ㅡ Gostaria de conversar com seu filho sobre Jungwon, já que os dois eram próximos antes...

ㅡ Não estou afim de conversar com ninguém.

Falando no diabo... Pensou o Lee.

ㅡ Você é o Park Sunghoon?

ㅡ Parece que sim, não? Já que sabe meu nome, deve saber como é meu rosto. Tenho certeza de que você já investigou minha vida inteira mesmo.

Sunghoon cruzou os braços com um olhar desafiador. Seus cabelos negros iguais os da mulher parada ao seu lado o deixava cada vez mais assustador. Mas não o suficiente para amedrontar o Lee, que apenas ouvia tudo com atenção.

É, Park Sunghoon era pior do que Heeseung imaginava.

ㅡ Não quero conversar com ninguém, se quiser algo comigo, contate o nosso advogado. Passar bem. ㅡ Fechou a porta com força, bastante força.

De fato, Park Sunghoon não era nada amigável e pelo visto, ele trata os mais velhos dessa forma também. Entretanto, Heeseung não iria deixar aquele Park o tratar daquela forma. Não mesmo!

Tocou a campanhia mais uma vez e Sunghoon abriu a porta com cara de tédio.

ㅡ Está certo, Park. Investiguei sua vida e parece que você é maior de idade, não é? Bom, sinto muito lhe informar, mas, pela forma que está me tratando vou ser obrigado a te levar para delegacia por desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela. Então... Tu preferes ser preso ou responder algumas perguntas?

Street 419 - ENHYPENWhere stories live. Discover now