Capítulo 12

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Sentada em sua cadeira, Lara escrevia um roteiro, estava no último ano da faculdade de cinema e seu TCC já estava pronto, ela estava escrevendo para um novo projeto.

- Larinha, minha pequena?

Ela se virou rapidamente, era Sérgio, seu pai que estava lhe chamando na porta do quarto. Rapidamente levantou-se e o abraçou com todo amor que podia.

Surpreso ele a abraçou de volta na mesma intensidade.

- Sei que não falo muito isso mas você é extremamente do jeito que eu achei que seria. - Beijou a cabeça da filha e manteve-se lá.

Ela sorriu. Lara simplesmente sorriu enquanto estava abraçadinha com seu papai. Não era acostumada com palavras de afeto vindas dele, mas naqueles braços se sentia segura.

- Por que diz isso papai?

- Porque eu tive uma amiga que se chamava Lara, era exatamente como você. Até achei que era a reencarnação dela quando nos contou que faria cinema. - Riu nostálgico - Eu a defendi uma vez, sentia uma vontade imensa de protege-la , como se fosse minha irmã e porra você veio igualzinha. Posso contar como sorte?

- Eu acho que sim. - Ela riu olhando-o.

- Tenho um presente para você, filha. - Ele disse soltando-a.

Atentamente viu-o sair do quarto e voltar com as mãos atrás do corpo, ele tinha um sorriso engraçado no rosto.

- Tcharam! - Entregou.

- Ai meu Deus. - Pegou o caderno - É o script de "Rocky"?

Surpresa olhou entre as folhas do filme escrito,
dirigido e atuado por Silvestre Stalone, seus olhos brilhavam.

- O original, mandei trazer dos Estados Unidos para a minha menina. - Deixou um carinho no queixo da filha - Só não conte para a sua mãe, senão já sabe...

- Ela vai começar a falar que cinema não dá futuro. -  Riu enquanto abraçava o pai novamente - Obrigada papai.

- Não precisa me agradecer, igualzinho ao seu irmão, eu acredito em você. - Soltou-a devagar - O jantar vai estar na mesa daqui nove minutos, sem se atrasar.

- Sim senhor. - Disse vendo-o sair.

Ao sentar na cama folheou o script com o coração batendo rápido, sua intimidade foi interrompida quando Bruno bateu na porta e sem pedir pra entrar, entrou e sentou na cama.

- Laricota.

- Que foi hein? - Olhou-o.

- Ganhou presente do papai, ui. - Ergueu as mãos em sinal de "não me toque".

- Não enche. - Riu guardando debaixo do travesseiro - O que você quer?

- O Hugo te mandou um beijo.

- Eu sei.

- Sabe? - Olhou-a confuso - Como que você sabe?

- Ele me ligou, ontem quando você chegou da prova eu estava falando com ele no telefone.

- Mas caralho hein, vocês conversam para um cacete puta que me pariu vai se foder.

- Eu gosto de conversar com o Hugo. - Ela sorriu.

Lara não mentiu quando disse que gostava de conversar com o Hugo, ontem ficaram em ligação por um tempão conversando sobre tudo, não apenas sobre a viagem no tempo. Mas seu coração ainda batia forte quando pensava em Max, para ela apenas se passou um dia.

***

- Obrigada por vir comigo, se ficar feio você me dá uma paulada na cabeça. - Lara disse enquanto entrava no salão de beleza com a amiga.

- Pode deixar! - Sofia fingiu bater continência.

Duas semanas após voltar de 1985 Lara decidiu cortar o cabelo da maneira a qual Max havia lhe dito, suas palavras ainda estavam muito claras em sua memória. "Você ficaria linda de franja".

Ela queria cortar o cabelo para se sentir pelo menos um pouquinho mais perto de seus amigos do século passado, ainda tinha uma peça de roupa de Patrícia e um cruzado emprestado de Vanessa, os olhava sempre que sentia saudades.

Após o cabeleireiro finalizar o corte, Lara colocou seus óculos e sorriu vendo o resultado de seu corte de cabelo, realmente ficou linda de franja.

- Uau Lala, você está mais linda que as flores na primavera. - Aproximou-se da amiga enquanto sorria.

- Pra você usar a frase da Lottie eu realmente estou muito bonita. - Sorriu olhando-a pelo espelho.

- Bonita é pouco. Você está tão maravilhosa Lala...

Lara tinha sorte de ter Sofia ao seu lado, por mais que ela a achasse um pouco doida por conta da viagem no tempo a amava e a escutava sem questionar, ela lembrava Patrícia.

Mais tarde naquele mesmo dia,  Hugo havia convidado Lara para almoçar e ela aceitou já que era sábado. Ele a esperava na sala com Bruno.

- Só pra me situar, você está indo em um encontro com a minha irmã? - Perguntou cruzando os braços.

- E te interessa?

- Me interessa sim! A Lara é a minha irmãzinha e eu não vou deixar qualquer um colocar a língua na boca dela.

- Não fode porra. Mas não é um encontro. Na verdade mais ou menos. - Olhou-o confuso - Eu não sei, acho que é apenas um almoço entre amigos.

Em pé o rapaz andava de um lado para o outro quando de repente parou ao ver Lara entrando na sala, nem reparou o que ela vestia apenas em seu novo corte de cabelo. Seu coração batia mais rápido.

- Uau. - Ele a olhava como se tivesse encontrado um pote de ouro.

- Gostou? - Ela riu enquanto se aproximava.

- Se eu gostei? Larinha, você está maravilhosa. - Riu desengonçado mas completamente apaixonado.

- Sim, com certeza é um encontro. - Bruno disse levantando, ele deu dois tapinhas nas costas do amigo - Fico feliz que seja com você.

- Não fode porra. - Lara disse rindo.

- Vocês dois são iguaizinhos. - O irmão mais velho revirou os olhos e foi para o quarto.

Hugo aproximou-se devagar, afastou seus cabelos loiros e lhe deu um beijo na bochecha. Um ato que deixou-a vermelha de vergonha.

- Para Hugo, você vai me matar de vergonha. - Ela riu arrumando o cabelo em um ato de nervosismo.

- Então tá bom...

Ele fingiu recuar mas voltou rapidamente, segurou o rosto de Lara entre as mãos e deu vários beijos em seu rosto enquanto escutava-a gargalhar, em momento algum beijou-a na boca mesmo querendo tanto. Aquela risada era música para seus ouvidos, podia ficar escutando-a o dia inteiro sem cansar.

- Hugo querido nós vamos nos atrasar para o almoço. - Ela disse entre as risadas.

Rindo parou de beijar seu rosto e arrumou a roupa fingindo ser um senhor dos anos vinte fazendo-a sorrir.

- Me recompus, partiu!

Lara segurou a mão de Hugo, ao sentir ele olhou para as mãos juntas e depois para o rosto da moça, ela sorria. O rapaz tinha brilho nos olhos, aquele pequeno ato de darem as mãos o deixou com o peito dolorido de tanta felicidade.

Com ele não sentia-se envergonhada, sentia-se leve e encorajada.

1985Onde as histórias ganham vida. Descobre agora