𝓖eribá . 𝗟𝟳𝗡𝗡𝗢𝗡

𝓺𝓾𝓲𝓷𝓺𝓾𝓪𝓰𝓮́𝓼𝓲𝓶𝓸 𝓷𝓸𝓷𝓸

Ana Lua Cardoso Guidelli
point of view

Era mais ou menos seis da tarde, 'tava na casa da minha avó terminando de fazer a sobremesa para hoje a noite. Tinha marcado com a minha família de jantarem lá hoje, obviamente não toda, só aqueles mais próximos, meu tio, a esposa dele, meus primos e uma outra tia minha. Todo mundo 'tava sem entender, mas toparam vir e isso que importava no momento.

Terminei de ajeitar a sobremesa na travessa e coloquei na geladeira, como ia demorar ainda para tirar de lá não tinha necessidade de colocar no freezer. Lavei a vasilha, colher e liquidificador que eu tinha usado, sequei e guardei no armário.

— Vó, vou subir 'pra tomar banho — Falei passando por ela na sala e beijei o topo da sua cabeça.

Meu nervosismo e medo em relação a gravidez iam diminuindo conforme os dias passavam, minha mãe estava me ajudando, mesmo que não conseguisse esconder que precisava de tempo 'pra processar a notícia ainda.

Entrei em casa e peguei minha toalha no quarto indo direto para o banheiro. Tomei um banho gelado, para aliviar um pouco o calor, o clima do Rio é loucura, mesmo anoitecendo já, ainda 'tava um calorão.

Sai do banho e coloquei um vestido azul marinho, tubinho e longo, no pé calcei um chinelo mesmo, até porque o jantar era na minha avó, então não precisava de nada extremamente arrumado.

Fiz uma maquiagem simples, finalizei meu cabelo e quando finalmente terminei de arrumar, já eram sete e quebrado. Peguei meu celular em cima da cama e mandei uma mensagem para o Lennon perguntando se ele já 'tava vindo.

Demorou uns dez minutos para ele me ligar em resposta, atendi, enquanto sentava no sofá.

— Oi Preto — Falei quando atendi.

— Visão Vida — Escutei a voz dele no outro lado da linha. — Chegou um mano de fora aqui no estúdio do Papato, ele me chamou 'pra gravar um som com eles e eu tô garrado aqui agora, não sei que horas vou conseguir sair — Respirei fundo ouvindo ele e fiquei em silêncio. — Não queria faltar ai, muito menos avisar em cima da hora, porque tô ligado que é uma parada importante 'pra nós, mas se eu conseguir sair a tempo, vou passar ai

— Ah sim... — Tentei não demonstrar uma reação ruim. — É seu trabalho, não preocupa...

— Desculpa Vida — A voz dele deixava parecer que ele também 'tava abalado. — Qualquer coisa a gente marca algo depois 'pra eu encontrar com eles

Despedi dele rápido e desliguei a ligação, respirando fundo. Não vou mentir, queria ter o Lennon comigo nesse momento comigo, mas sabia que se não fosse algo importante 'pra carreira dele, ele deixaria lá e viria 'pra cá. Eu esperava pelo menos.

— Vamos descer? — Minha mãe me chamou saindo do quarto dela.

— Vamos — Falei levantando do sofá.

— E o Lennon? — Perguntou enquanto descíamos a escada.

— Aconteceu um imprevisto com as coisas do trabalho dele e ele não vai conseguir vir — Ela suspirou me ouvindo e agradeci mentalmente por não ter falado nada.

Entrei na casa dos meus avós e vi que minha tia já estava na sala, sentada no sofá, conversando com meu avô. Cumprimentei ela e fui para cozinha atrás da minha avó.

Eu tinha chamado a Cecilia e o Kaue 'pra jantarem aqui hoje também, os dois estavam me dando a maior força todos esses dias e queria eles nesse momento, porque são minha família também.

O Kaue me avisou que não conseguiria vir porque ia precisar fazer o caixa de uma festa que ele estava na produção hoje, mas a Ceci viria.

— Ana, vamos tomar um vinho? — Minha tia surgiu na cozinha um tempo depois, carregando uma garrafa de vinho branco que ela tinha trago.

— Hoje não — Respondi enquanto pegava o toalhado para a mesa na gaveta.

Ela me olhou estranhando a resposta. — Ta passando bem você? — Perguntou rindo, enquanto pegava as taças.

— Não tô querendo hoje, mas a Cecilia tá chegando ai, tu bebe com ela — Falei saindo da cozinha com as coisas para montar a mesa.

Quando eu falava que a Ceci era como parte da minha família era literalmente isso, volta e meia ela vinha nas coisas de família aqui em casa, principalmente quando eu marcava de beber com minha tia, então quando ela ou o Kaue não apareciam por aqui todo mundo estranhava.

— Cheguei! — Cecilia entrou na sala e sorri olhando ela.

— As vezes eu acho que tu tem a chave daqui, entrou sem nem chamar no portão — Ri abraçando ela.

— Teu avô 'tava lá na fofoca de sempre dele — Ela falou retribuindo meu gesto.

— Tinha que ser — Retruquei.

— E como vocês estão? — Sorri fraco ouvindo ela.

— Bem — Falei ajeitando os pratos na mesa e respirei fundo. — Eu tô um pouco nevosa talvez

Ela riu me ouvindo. — Fica calma, tô contigo viu — Sua mão alisou meu ombro. — E o Lennon?

— Aconteceu um imprevisto no estúdio, ele não vai conseguir vir, mas é uma coisa importante 'pra carreira dele — Desviei meu olhar para baixo.

Ela ficou em silêncio por um tempo e depois foi até a bolsa dela, que tinha deixado no sofá, pegando um embrulho.

— O Kaue não pode vir, mas deixou lá em casa 'pra você — Ela me entregou o pacote.

Era uma caixa bem com um embrulho de presente passado então não dava 'pra ver o que era. Abri o embrulho e logo na tampa tinha um papel pequeno colado com um pedaço de durex.

"Pra tu saber que eu tô com vocês mesmo de longe. Guarda o presente direito, pra ele ou ela usar quando for dar um rolê comigo" Dei um sorriso lendo, o Kaue não existia.

Tirei a tampa da caixa e dentro tinha um tênis de bebê da nike, branquinho, igual um air force, mas infantil.

Peguei meu celular, mandando foto do presente para o Kaue e agradeci. Quando eu digo que ele é diferente, é porque ele é, não é sobre o presente em si, mas é pela atitude dele, ele sempre tá ali por quem ele ama.

— Acho que ele tá querendo passar na minha frente na corrida dos tios — Dei risada ouvindo a Cecilia.

— O que seria isso? — Perguntei a olhando.

— A gente já tá começando apostar quem o bebê vai gostar mais e o Kaue ta joga do sujo — Neguei com a cabeça ouvindo ela.

todas nós queremos um Kaue