9. Green Eyes Make Me Blue

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Enquanto eu chegava na escola, eu estava rezando para que eu não o visse ao mesmo tempo em que procurava por ele em todos os lugares.

Eu fui rapidamente até meu armário na esperança de que pudesse passar a primeira aula sem ser visto, mas também queria que ele me encontrasse antes que eu entrasse na sala.

Isso continuou pela manhã toda enquanto eu me escondia entre as pessoas no corredor. Parte minha queria nunca mais vê-lo de novo porque isso me lembraria do nosso relacionamento de cinquenta minutos que eu parecia ter imaginado. A outra parte queria vê-lo tanto que isso era tudo em que eu conseguia pensar. De alguma forma eu encontrei um novo nível do inferno. Se você me perguntasse um dia atrás se a escola poderia ficar pior, eu teria jurado qualquer coisa que eu tinha, para lhe provar que não. Porém, ali estava eu, em um novo subnível fodido de tudo que já havia imaginado.

Ninguém falou comigo, ninguém olhou para mim, do mesmo jeito que foi ontem, do mesmo jeito que era todos os dias. Mas hoje, ser ignorado doeu em uma frequência que minhas paredes internas pareciam estar rachando.

Eu queria que meu armário tivesse algum tipo de portal para Nária então eu poderia simplesmente pular lá dentro e nunca mais ser visto. Não era justo ter passado tanto tempo sem ser percebido e depois, virar o que na minha mente era o centro do universo, e depois de novo voltar a ser o garoto invisível, tudo isso em vinte quatro horas.

O que eu queria eu nunca teria. Eu bati a porta do meu armário, desejando que de alguma forma sobrenatural e frustrada eu tivesse ganhado super poderes e o metal da porta se arrancasse com a minha força, voando pelo corredor e acertando todas as pessoas enquanto as cortava no meio, deixando-as no chão parar uma morte lenta e dolorosa. Chorando enquanto acabavam de vez com a vida miserável que tinham.

Porque eu queria que eles se sentissem como eu estava me sentindo agora.

Mas por não ter sido afetado com raios radioativos ou uma aranha cientificamente modificada, tudo o que meu armário fez foi bater e se fechar em seguida. Isso só me deixou ainda mais irritado, então me virei para ir para a primeira aula - e congelei ali mesmo com a visão que tive.

Ele estava parado ali, com aquele pequeno sorriso em seu lábios. A mochila sobre um dos ombros, sua jaqueta aberta nos quadris, seus braços cruzados ao redor do peito. Ele estava encostado no armário ao lado querendo que eu o visse.

Era como se ele estivesse rindo com os olhos enquanto me olhava, me fazendo sentir sua respiração quente, e foi aí que percebi que estava prendendo a minha. Eu senti minha boca secar enquanto meu coração literalmente parecia pular cada batida como se fosse parar a qualquer momento.

Nós ficamos parados lá pelo que pareceu uma eternidade enquanto minha mente se bloqueava. Eu não fazia ideia do que dizer. Eu queria me virar e correr. Eu queria jogar os braços em cima dele e o beijar. Eu queria me derreter no chão e desaparecer. Eu queria fazer todas essas coisas e não dizer nada para não estragar o momento.

Então ele abriu sua boca e, com um sorriso maior, disse "Oi."

Eu não me lembro do momento em que eu estava quebrado... Mas eu me recordo quando eu comecei a entender que talvez aquilo não fosse tão ruim.

Foi o momento em que eu me apaixonei pelo garoto de olhos verdes.


Boys Don't CryWhere stories live. Discover now