13. No Control

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Não havia nada mais a fazer além de fugir depois de uma cena daquela. Eu recebi mais atenção nos últimos 5 minutos do que em todos os meus anos na escola. Apesar de que a maioria das pessoas ficaria feliz em fazer parte de algo assim a fim de ganhar popularidade, para mim era simplesmente horrível ter todas aquelas pessoas olhando para mim. Eu estava mortificado com a ideia de nunca mais voltar para a escola.

Eu corri para casa.

A única parte boa em se ter uma mãe alcoólica é que se você volta para casa antes da aula acabar, você não recebe uma bronca por isso. Eu empurrei a porta do meu quarto e paralisei quando vi Harry sentado em minha cama, folheando um dos meus livros. Ele olhou para mim com uma expressão preocupada e disse "Hey."

"Você tem um amigo aqui!" minha mãe gritou da sala de estar.

Após suspirar, fechei a porta e coloquei minha mochila no chão. Não havia outro lugar para me sentar naquele quarto minúsculo além da cama, e de modo algum eu iria me sentar com ele em uma cama de novo. Ao invés disso, fiquei escorado na parede e tentei parecer o mais intimidador possível. "Como você chegou aqui antes de mim?" eu perguntei, minha confusão interrompendo minha raiva.

Ele jogou o livro no chão. "Eu tenho um carro, o que você acha?"

Porra.

"Então, o que você quer?" perguntei, sabendo que qualquer tipo de raiva que eu quisesse expressar em minha voz havia sumido por causa daquela pergunta estúpida.

"Como está sua mão?" ele perguntou, olhando para ela enquanto eu a apertava contra a outra.

"Bem," eu disse de forma indiferente. "O que você quer?"

Ele me olhou com uma expressão de tédio que, francamente eu não estava preparado para ver. "Você está chateado comigo?"

"O que você acha?" respondi.

"Eu acho que se você está chateado comigo, eu não sei o porque." Em fato, ele pareceu mais irritado do que eu, de alguma forma.

"Está chateado comigo?" Perguntei confuso enquanto tentava entender.

Ele abaixou a cabeça, quebrando o contato visual por um momento enquanto ele respondia para o chão. "Bem, eu não estou morrendo de amores por você no momento."

O sarcasmo era como lâmina apontada para mim. Minha indignação e frustração evaporaram diante da vontade de me desculpar com ele. Eu não tinha ideia do porque deveria me desculpar, mas o desejo estava ali assim mesmo. Finalmente eu perguntei. "O que eu fiz?"

Ele olhou de volta para mim e nossos olhos se encontraram. "O que diabos te fez ir até A Mesa?"

Normalmente eu ficaria enojado com a forma que sua voz enfatizou sua importância, não falando apenas sobre uma mesa mas sobre A Mesa, mas eu estava literalmente surpreso com sua pergunta. "O que?" eu perguntei abruptamente enquanto tentava entender o que ele havia dito.

"Ah, qual é," ele disse, levantando-se abruptamente, me lembrando de novo sobre nossa diferença de tamanho. Meu quarto já era pequeno demais para mim, e tê-lo ali dentro era como se estivéssemos em uma caixa de sapato. "Você estava indo diretamente para lá e você sabe disso. O que te levou a fazer algo tão estúpido?"

E minha mente finalmente entendeu. "Me desculpe?" eu disse, não como um pedido de desculpas, mas como uma pergunta. Se ele tentasse parecer mais chocado, seu maxilar teria caído no chão enquanto eu continuava a falar, não me importando se estava chateando-o ou não. "Quem diabos vocês pensam que são?" eu dei um passo em direção a ele e me senti bem quando ele deu um passo para trás. "Você realmente acha que as pessoas precisam de permissão para chegar perto de você e seus amigos?" Eu vi seu cenho franzir enquanto dezessete anos de frustração finalmente saíam da minha boca. "Eu entendi que você são populares, mas eu sei que você não veio até minha casa para me dizer que eu não sou popular o suficiente pra chegar perto da porra de uma mesa." Outro passo e ele caiu na cama na tentativa de se afastar de mim. "Porque eu achei que pelo menos nós dois poderíamos nos falar sem precisar de uma porra de permissão primeiro!"

Boys Don't CryWhere stories live. Discover now