Capítulo 2

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Voltando da escola, decidi passar pelo parque Leddy. O sol era intenso naquela tarde, sem perspectiva de chuva. Avistei o lago ao longe e aproximei para ver os cisnes brincarem na margem. Uma garota loira já estava lá, jogando migalhas de pão para as aves. Era Amy Beyla, a primeira amiga que fiz no colégio. Suas orelhas pontudas eram inconfundíveis.

– Brincando com os patos, Amy?

– Não são patos, são cisnes – ela respondeu sem se virar – venha, jogue um pouco para eles também. Veja como estão felizes.

Observei-os. Rodeavam até a margem esperando mais migalhas, sem medo de serem capturados por algum predador que poderia estar à espreita.

– Olha, as suas orelhas são pontudas, iguais as da ninfa que encontrei na floresta outro dia – eu já havia reparado há dias as orelhas dela, mas só agora eu disse.

Ela ficou séria e levou as mãos para cobrir as orelhas. Amy me olhou aturdida.

– Como você viu? Elas estavam escondidas.

– Ué. Estão aparecendo agora.

– Droga! Devo ter perdido as presilhas. Mag, eu vou te contar um segredo – ela disse baixinho. Com as mãos em concha aproximou do meu ouvido – Eu sou uma Elfa. Mas não conte a ninguém, se os Humanos descobrem posso ser expulsa da escola.

Levei a mão à boca, surpresa. Não esperava que ela fosse uma Elfa, apesar das orelhas. Eu, uma Bruxa, inimiga mortal dos Elfos por descendência, tendo ela como a minha melhor amiga. Assim como ela confiou em dizer a origem dela, acreditei que não importaria de lhe contar a minha origem. Afinal, somos amigas e é isso que amigas fazem, confiam segredos. Eu já ia falando-lhe meu segredo quando ela me interrompeu.

– Mag, não me chame de ninfa. Eu não gosto.

– Por que?

– As ninfas são, como eu posso explicar?... Obtusas. Se acham as melhores, as mais bonitas, todas delicadinhas.

Ela odiava mesmo as ninfas.

– Ah, igual as fadas, né?

– Não. As fadas são legais e gentis, fazem o bem a todos. As ninfas são muito metidas, gostam de seduzir as pessoas.

– Eu também tenho um segredo – disse antes que ela dissesse outro elogio às fadas.

– Então conte-me.

– Eu sou uma...

Naquele momento, o irmão dela surgiu de não sei onde com um peixe enroscado numa flecha. O nome dele era Eldir Alf, loiro, cabelos compridos e lisos, assim como os da Amy.

– Oi, Magda. Tá iludindo minha irmã ou o contrário?

– Oi, Eldir. Pelo jeito andou caçando salmão, mas só encontrou peixe agulha, não é? E pelo jeito esse aí é filhote.

– Eu gosto de caçar e pescar – respondeu, notando a pontinha de sarcasmo na minha voz – É o que sei fazer melhor. Era mais divertido no grande lago Elfland. Meu pai me levava para caçar com arco e flecha.

– E o que mudou?

– As Bruxas invadiram nosso território e acabou com tudo. Agora, se eu ver uma Bruxa na minha frente eu acerto ela com minha flecha.

– Eldir – pediu Amy – nos cisnes não!

– Eu acertei um peixe, veja! – e continuou dizendo sobre as Bruxas – ainda bem que foram exterminadas pelos Humanos, se não eu me tornaria o mais temido "caçador de Bruxas".

Magda, A Jovem Bruxa #wattys2016Onde as histórias ganham vida. Descobre agora