Capítulo 10

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– Você é uma Bruxa malvada – a Mary esbravejava comigo, com aquela vozinha engraçada – Todo mundo ficará sabendo quem você é. A Barbara vai vir atrás de você e eu vou contar tudo para ela.

– Nossa, que fofura – eu respondi – você fica tão bonitinha bravinha. Acho que vou deixá-la assim para sempre.

Sinceramente, eu nunca gostei de animais domésticos. Nem os não-domésticos. Mas, a Mary era diferente, era uma bola de pêlos branquinho parecendo algodão.

– Eu vou fugir daqui e você vai se ferrar!

– Tá bom, tá bom. Não precisa xingar. Mas eu quero que saiba que foi um acidente. Eu sei que não gosta de mim, mas eu jamais tentaria algo para te machucar. Deveria rever seus conceitos quanto a Barbie.

"Ih, eu falei "Barbie".

– A Barbara é legal. Ela sempre ajuda as amigas dela, assim que ficar sabendo o que você é, será expulsa do colégio. Pode esperar.

– Pare de ficar me ameaçando. Você é apenas um cachorrinho para ela, sempre fazendo o que ela manda e...

– E sou o quê pra você? No quê foi mesmo que me transformou?

– Para mim você é uma coelhinha.

– Tem alguma diferença? Você é pior que ela, porque fez isso comigo!

– Hã-hã – neguei – Eu nunca vou te explorar por ser um animal agora. Estou trabalhando para você voltar a ser Humana o mais rápido possível. E pode confiar que aqui será muito bem tratada. Eu já te machuquei ou aproveitei do fato de estar assim? Não. E o que a Barbie... quer dizer, Barbara fez com você para te beneficiar? Ela pode, mas prefere cuidar de si mesma.

– Mentira sua. Você vai se...

A porta do meu quarto abriu e Karen espiou.

– Com quem está conversando?

– Ah, oi tia – disfarcei – Estou falando com minha coelhinha.

Mary já ia dizendo algo quando tampei a boca dela – ou melhor, o focinho.

– Ela fala? – suspeitou Karen – Eu ouvi direito?

– Não – respondi, aflita – Não, claro que não, né tia. Acha, uma coelha falante... só faltava essa.

– E o que foi que eu ouvi?

– Eu gosto de brincar que ela conversa comigo. Acho que vou levá-la para passear no parque, ela está um pouco estressada.

Peguei Mary no colo e levei-a. Ela pesava um bocado, deveria estar comendo muita ração.

– Ei me solta – brigou ela – Não suporto ficar perto de você! Você me dá nojo, sua Bruxa horrenda. Quando voltar ao normal será o seu fim, pode apostar.

– E como acha que voltará ao normal?

– Eu sei muito bem como volta, não preciso de você.

– Ah, é? Ainda não me disse.

– É só conseguir um beijo de um rapaz apaixonado.

Eu segurei o sorriso com a mão.

– Simples assim? – perguntei.

– Simples assim.

Até como uma coelha era metida. Mas agora ficava uma graça.

– Você está vendo muito contos de Fadas – eu não aguentei e sorri – Acredita em cada coisa.

Magda, A Jovem Bruxa #wattys2016Where stories live. Discover now