Capítulo 20

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Quando eu caí no fundo do abismo do meu sonho, o estrondo foi tão grande que eu despertei assustada. Ainda estava com a máscara de ferro e as correntes prendendo meus pulsos e tornozelos. Não sabia que horas eram, sabia apenas que minha execução seria dentro de vinte e quatro horas a partir da prisão. Essa era a lei, se uma Bruxa fosse pega em flagrante ela poderia ser condenada à morte imediatamente. Caso fosse por denúncia, ela seria julgada por um tribunal para confirmar e ter um julgamento justo, evitando condenar um possível Humano inocente, por exemplo. No meu caso, como fui pega em flagrante em um lugar onde haviam vários caçadores de Bruxas, eu fui condenada imediatamente.

Antigamente um condenado à morte levava cerca de três dias para ser executado. Tinha uma última refeição que ele desejasse e podia-se fazer um último pedido desde que não seja a anulação da sentença. Mas as Bruxas eram um caso especial, se dessem a elas esse privilégio a chance de fuga era enorme, muitas delas fugiram desta maneira no passado. Por isso eles retiraram esses direitos e condenavam quase que imediatamente as Bruxas.

Eu estava assustada, não queria morrer. Pensei em todas as alternativas de fuga, mas não havia nenhuma. Desanimei e tentei aceitar a idéia de que era o fim. Ninguém viria me salvar, pois as Bruxas eram consideradas como uma doença para sociedade Humana. Custe o que custar, elas teriam que ser eliminadas ou o mundo estaria perdido sob o comando delas. Eram minhas últimas horas de vida, ou minutos... segundos, como eu poderia saber?

De repente alguém abriu a pesada porta com um barulho enorme. Chegou a minha hora, eu seria queimada em um forno (não se usavam mais as piras nas praças públicas, agora eram queimadas dentro de fornos enormes iguais aqueles dos crematórios para evitar manifestações das pessoas por causa do trauma que causava na população – coisas dos direitos humanos, para evitar o tal "sensacionalismo macabro", algum sindicalista deve ter abolido isso, para o bem das outras criaturas).

– Ainda está sentada que nem uma idiota, nerdinha? – disse uma voz que eu não reconheci de imediato.

E, num passe de mágica, as correntes caíram de meus pulsos e tornozelos. A máscara caiu no chão com um barulho grande. Tentei levantar, meu coração estava tão disparado como se fosse sair por minha boca. A moça disse aquilo para mim e virou as costas já saindo. Quando fiquei de pé e dei o primeiro passo, uma das correntes estava presa no meu tornozelo esquerdo e eu caí como uma fruta madura, estatelando no chão.

– Ops! Foi uma brincadeirinha, só uma brincadeirinha – disse ela, gargalhando. A corrente se soltou.

Reconheci a moça. Era Mary, a melhor amiga da Barbara. Fiquei completamente confusa.

A Mary? Justo a Mary?

Por que ela veio até ali? Será que realmente estava me salvando? Será que foi a Barbara que a mandou me tirar dali? Como ela passou por todos aqueles guardas e tirou minhas correntes? As perguntas eram muitas, mas ela andava tão rápido que nem dava tempo de perguntar. Quando tentei, ela fez sinal para não fazer perguntas e me manter em silêncio.

Assim que passamos pelo portão do lado de fora da penitenciaria, não resisti e perguntei.

– Ei, por que me tirou dali? Foi a Barbie que te mandou? Tudo isso foi parte de algum circo, ela queria me pregar uma peça?

– Não.

– Isso é real?

– É real. Claro que é real.

– Então a Barbie te mandou aqui para me soltar e...

Ela parou, mesmo de costas me respondeu.

Magda, A Jovem Bruxa #wattys2016Where stories live. Discover now