capítulo 4

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Barbara estava na arquibancada, observando o jogo do campeonato de futebol americano com suas amigas.

– Mary – disse Barbara para sua amiga – eu descobri que a nerdinha está dando em cima do Mike.

– Pior pra ele. Eu pensei que ele fosse mais inteligente e ambicioso.

– É, mas eu não quero que passe a imagem de que fui trocada por aquela merdinha. Imagine o que as pessoas irão dizer?

– Barbie, ele que está se rebaixando.

– Engano seu. Olha isso – Barbara apontou para o campo. Mike Milles era o melhor jogador da partida – Ele está ficando cada vez melhor. Desse jeito ele será eleito o rei do baile. Imagine quem estará no páreo para posar ao lado dele.

– A nerdinha?

– Exatamente, a chata da nerdinha. Temos que dar um jeito nisso. Eu já sei como.

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Eu estava feliz. Havia passado um fim de semana com Mike no Winnooski Park. Era um parque de diversões novo na cidade, mas tinha uns brinquedos legais como uma montanha russa que subia a trinta metros de altura, um "loop crazy car", brinquedo em formato de carro que girava e subia a dez metros do chão, entre outras diversões. Havia um jogo de argolas, que na minha opinião, servia apenas para tirar o dinheiro dos trouxas, quem conseguisse jogar a argola na haste receberia cinco dólares por vez, se acertasse continuava até perder. Mike ficou bravo porque perdera uns oitenta dólares no jogo e não acertou nenhum. Eu entendi como funcionava a pegadinha para pegar dinheiro dos gananciosos e usei um truque para acertar a haste (desculpe, tia Karen, mas eu não podia deixar aquele espertinho levar todo nosso dinheiro), consegui acertar oito vezes, deixando o dono enfurecido.

No corredor do colégio eu ainda pensava naquele dia maravilhoso quando alguém esbarrou em mim sem que eu percebesse e derrubou todo o material para o trabalho de química que eu levava. Tudo se espalhou pelo corredor junto com meus materiais escolares. Fiquei perplexa com o estrago, a base de isopor espatifou-se em vários pedaços e ainda por cima alguém pisou para acabar de destruir, os elementos químicos, que eram líquidos, espalharam. Ergui as vistas, incrédula.

– Nossa! Como você é desastrada, nerdinha! – disse Barbara, com sarcasmo.

As outras amigas dela gargalharam.

Eu tive vontade de usar um de meus poderes e jogá-las para bem longe. Mas eu não poderia colocar tudo a perder por causa delas, eu estaria me igualando a elas e me prejudicando. Respirei fundo e tentei me controlar.

Olhei sem saber o que fazer. Ajoelhei, tentando sem sucesso ajuntar o que sobrou do trabalho. Pessoas passavam indiferentes ao meu desespero. Os CDF's, que eram meu grupo de trabalho não iriam me perdoar, eles eram exigentes demais com os trabalhos e viviam me criticando por causa dos detalhes. Era a minha chance de impressioná-los e a patricinha me apronta uma dessas. Que eu fiz para ela?

Um garoto agachou-se perto de mim e começou a me ajudar sem perguntar se eu precisava de ajuda.

– Isso vai dar um trabalhão para arrumar – disse o garoto desconhecido.

Só então percebi que ele tinha os cabelos castanhos, um tanto compridos, usava chapéu preto de aba curta e roupas escuras. Tinha todo um visual obscuro, mas mesmo que se esforçasse não pareceria com os Vampiros, ou algum Bruxo – é claro que se ele fosse um eu reconheceria – era um Humano querendo ser alguém de outra raça.

Magda, A Jovem Bruxa #wattys2016Where stories live. Discover now