Cap. 5

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Entrei correndo pelo hospital, estava de uniforme e com a mochila ainda. Peguei o elevador e subi até o andar que Viviane havia me informado. Corri até o saguão principal, onde encontrei Viviane sentada no sofá com as mãos sobre o colo e a cabeça baixa. E o monstro do pai da Verônica estava ao seu lado, com uma lata de cerveja na mão. 

-Luna que bom que você chegou.- gritou Viviane me abraçando com muita força.

-O que aconteceu? - sussurrei em seu ouvido abraçando ela ainda mais forte.

-Vamos ali no canto. - disse baixo me puxando pela mão.Andamos em direção ao elevador, para que o pai de Verônica não nos ouvisse.

-Luna foi horrível. Depois da escola, fomos direto para a casa da Vê, fazer o trabalho de Inglês. Quando chegamos ele já estava bêbado sentado no sofá, a Vê tentou levá-lo para cima e pedia para que ele maneirasse um pouco na bebida. Antes que ela pudesse terminar de falar, ele a empurrou, e ela acabou caindo da escada.

-Meu Deus.-  me assustei e coloquei minhas mãos sobre a boca.

-Mas o pior de tudo e o que mais me assustou, foi que ele não expressou reação nenhuma. Apenas ficou olhando a filha lá de cima da escada, nem ajudar ele ajudou. Ele só veio até o hospital, pois ela precisava de um adulto para acompanha-lá na ambulância e ainda por cima, não parou de beber.

-Ai que ódio desse monstro!!!! - minhas bochechas já estavam quentes, de tanto ódio. - Eu vou socar a cara desse homem, quem ele pensa que é? - disse alterada e sai em direção ao saguão.

- Calma Luna.-  Viviane me segurou pelo braço. -Não vai adiantar nada. Vai no banheiro, lava o rosto e se acalma. Não vamos fazer uma cena aqui no hospital.

-Eu não consigo ficar calma, com esse monstro sentado aqui. Fingindo que nada aconteceu.- me virei para a recepção, abaixei a cabeça e apoiei minhas mãos no balcão.

- Eu sinto a mesma raiva, mas sei que não vai ajudar em nada a Verônica! elo menos não agora!._ ela falou colocando sua mão sobre o meu ombro.

- Ai Vivi, não tem como... -parei de falar, assim que olhei o reflexo dos meus olhos vermelhos no vidro da recepção.

-Merda.- sai correndo.

-Aonde você vai?-Gritou Viviane.

-Já volto. - continuei correndo, sem olhar para trás.

Achei um quartinho de limpeza e entrei. Andei de um lado para o outro, esbarrando nas vassouras. Respirei fundo, mas quase morri com o cheiro de desinfetante. Fiquei mais o menos 5 minutos ali, tentando me acalmar. Levei um susto quando abriram a porta e tenho certeza que a faxineira também levou. Sai um pouco envergonhada, não sabia se ria ou se chorava com a cara de espanto da cara dela. Antes de virar para o saguão, dei uma espiada no vidro da recepção para ver como estava os meus olhos, que para minha sorte já tinham voltado para a cor original. 

Sentei ao lado da Viviane, mas não consegui nem olhar para fuça daquele monstro. Depois de longas horas de agônia esperando alguma notícia, o médico veio nos avisar que já tinha finalizado a cirurgia e que já estava tudo bem com Verônica. Depois de ouvir o que o medico disse, respirei aliviada. Não via a hora de ver a minha amiga.Mas parecia que o Pai não estava ligando, ele tinha ido embora a 2h atrás, quando minha mãe tinha chegado.

-Dr. Nós podemos vê-la? - me levante agôniada 

-Lamento, ela esta dormindo. A cirurgia foi muito cansativa, tanto para ele, quanto para nós. Mas conseguimos tirar a bolsa de sangue que se formou em sua cabeça. 

- Ainda bem! - falei rapidamente e abracei o médico com muita fora. Está aliviada!

Nunca pensei que passaria por um momento daqueles. Como era ruim ver uma amiga em uma situação daquelas e não poder fazer nada pra ajudar. Mas eu não era a única naquele estado, via no rosto e Viviane que ela não está bem com tudo isso. Depois de alguns minutos sentada  minha mãe se aproximou da gente e me chamar para ir embora.

- Aceita uma carona Viviane? -minha mae falou com a maior ternura do mundo.

-Aceito sim. - sussurrou Viviane.

Ao chegar perto do carro senti uma tontura forte e arrepiadora. Em questões de segundos tudo começou a rodar. Me segurei em Viviane com força, mas minhas pernas estavam cada vez mais moles.Quando retomei minhas forças e olhei em volta pude me deparar com vultos negros rodeando o hospital. Não tive outra reação a não ser entrar no hospital correndo e ir em direção ao quarto de Verônica. Ao abrir a porta me deparei com as minhas suspeitas. Minha amiga estava rodeada de vultos negros de olhos vermelhos. Meu colar começou a brilhar imediatamente e pude notar que os vultos negros começaram a se afastar lentamente, como se o meu colar fosse uma chama onde os vultos não podiam nem sentir o calor. Depois de todos os vultos terem atravessado a janela fui correndo para a cama de minha amiga. Ela esta pálida como nunca a vi antes, seus cabelos sem brilho.

-Ai amiga. - Quase que as palavras não saiam de minha boca, senti um lagrima descendo em meu olho. - Eu não posso deixar meus problemas te machucar mais do que você já está, eu não posso! - comecei a chorar desesperadamente segurando sua mão. 

LUNA ( Entre dois mundos)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora