2. A Boy Who Loves A Girl

230 16 4
                                    

Por mais de doze horas ele havia dirigido para se encontrar com ela. Não exatamente um encontro, ele teria certeza de que ela não o veria, mas ele a estaria observando, assim como sempre fazia antes de tudo começar, assim como no início do colégio quando tudo era normal...

Lembrava-se bem de quando a vira pela primeira vez, uma garota tímida adentrando a sala do professor de filosofia com um pequeno bilhete em mãos logo entregue ao citado professor.
Ela nunca olhara para ele, e ele tampouco se importava realmente, apenas a havia achado bonita - assim como tantos outros na classe - nada demais. Ao menos era o que Alec pensara a primeira vista.
Obviamente não fora apenas isso, apenas o bonita que havia lhe chamado a atenção, mas ele só poderia perceber isso dias mais tarde quando percebera o quanto ela era simpática apesar de tímida, inteligente apesar de bonita, sociável apesar de inteligente... Ela era tão... Annabelle. Dizer seu nome era a única forma de defini-la, nenhuma palavra mais poderia se encaixar tão perfeitamente...

Sorriu ao lembrar-se da primeira vez em que conversaram. Ele completamente perdido em números e letras pertencentes a uma equação de matemática que simplesmente não conseguia entender. Foi quando ela chegara com um sorriso simpático nos lábios oferecendo-lhe ajuda.
É claro que Alec aceitara de imediato, não podia deixar a chance de se formar lhe escapar de tal forma, certo?
Foram momentos engraçados com Annabelle tentando explicar-lhe como enxergar o problema, era tudo questão de ponto de vista.

De uma aula de matemática do terceiro ano numa sala abafada e sonolenta, passaram para aulas particulares de todas as matérias que envolviam contas com números e letras, definitivamente Alec não sabia de muita coisa, todos os anos em que passara no ensino médio foram um raspão por ele ao menos se esforçar e tentar aprender, mas realmente não sabia como diabos fora parar no terceiro ano sem conseguir entender uma linha de equação.
Foram dias suados para os dois mais novos amigos daquele colégio, e as coisas só pioravam quando os professores chegavam com matérias novas para explicar. Claro que a explicação de Belly era bem mais explicativa do que a dos professores...

Alec riu um tanto sem ânimo ao lembrar daquelas aulas particulares, ele se sentia tão burro por não saber aquelas coisas... Mas Belly nunca o chamara de tal forma, e tampouco achava que ele era lento para compreender as coisas, o fato era que ela dizia: "Você é que enxerga as coisas de modo diferente!", pois tudo era uma questão de enxergar o real problema.
Por conta dessas aulas particulares ambos tornaram-se bastante amigos. Na verdade Annabelle era a única amiga que Alec considerava verdadeira em sua vida. Ela era a melhor com ele, e ele faria qualquer coisa por ela, sentia isso.

Depois do terceiro ano Belly decidira não cursar uma faculdade de imediato, ela tinha 17 anos, era jovem e poderia esperar mais um pouco, queria primeiramente começar a trabalhar para conseguir fundos que lhe bancassem a universidade sem ter de depender dos pais para isso, queria ser independente.

Ela seguira um bom caminho, arranjara um emprego bom, era inteligente e bonita, teria tudo e mais um pouco para se dar bem na vida. Tudo e mais um pouco, menos Alec.
Alec perdera o pai pouco tempo depois da formatura, sua mãe caíra em depressão em resposta, e tudo o que lhe sobrou foram amargura, tristeza, raiva... E as malditas pílulas brancas que iniciaram tudo.
Sim, ele havia tornando-se um dependente químico. Saía de casa numa noite e não dava as caras por lá por um longo tempo. Não ia para casa, mas ia visitar uma certa pessoa em seu mais novo quarto numa casinha alugada.

Annabelle o acolhia com carinho, e ao mesmo tempo em que cuidava dele, tentava persuadi-lo a abandonar tais vícios tão perigosos, tudo em vão, é claro.
Belly passava noites em claro porque temia que seu amigo acabasse por tomar uma dose exagerada das pílulas e tivesse uma overdose bem ali ao seu lado enquanto dormia. Perdera as contas de quantas vezes tivera de impedi-lo de pegar mais uma de seu "estoque" na jaqueta surrada e suja que usava. Ela chorara inúmeras vezes por ele, vezes essas em que ela tinha certeza de que ele estava dormindo. Não queria demonstrar fraqueza...
Mas uma única vez em que deslizara e não obtivera certeza de que Alec dormia antes de chorar fora o bastante para tudo na cabeça do rapaz mudar. O pequenino pedaço que restara do antigo Alec falara mais alto, e enquanto Belly finalmente dormia em uma daquelas noites, ele resolvera ir embora, sem dizer nada a ninguém. Simplesmente desaparecera.

Pequenas HistóriasWhere stories live. Discover now