27: Bad blood

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"Acho que no fim é para isso que serve a adolescência: para você fazer coisas erradas, continuar fazendo as coisas erradas e errar ainda mais. Mas aí um dia você acorda e percebe que está fazendo tudo errado. Só ainda não sabe se tem tempo de consertar tudo. ── Thomas."

Duas semanas e meia se passaram e nenhum sinal de Thomas Basso.

Digo, não é como se ele tivesse parado de frequentar o colégio ou aos treinos de futebol, mas ele simplesmente havia parado de falar com todo mundo. Thomas não queria escutar o que nenhum de nós tinha a dizer e havia colocado o tal do ponto final ─ acho eu ─ na nossa amizade.

Simples, prático, mas bastante doloroso.

Depois que a minha cabeça esfriou aquele dia na casa de Pedro e eu me coloquei no lugar de Thomas, entendi que ele realmente precisava de um tempo afastado de tudo para pensar e colocar os pensamentos em ordem. Até cheguei a mandar uma mensagem no mesmo dia dizendo que sentia muito pelo jeito que falei com ele e que entendia ─ e respeitava ─ a decisão dele. É claro que ele visualizou a mensagem e depois me bloqueou, sem me dar uma resposta, mas sendo sincera, eu realmente não esperava por uma. Entendi que Thomas precisava mesmo de espaço e respeitei.

Rafael e Augusto fizeram a mesma coisa e sempre soube que Felipe não iria tentar uma conversa tão cedo, mas quando Thomas ignorou Júlia no colégio, eu soube que ele estava dando um tempo de todo mundo.

Uma semana se passou e eu achei que Thomas fosse pelo menos voltar a falar com a Júlia, mas imaginem a minha cara de surpresa quando minha melhor amiga me disse que ele também tinha a bloqueado no WhatsApp e não parecia disposto a falar com ela tão cedo. Eu disse para a Júlia dar mais alguns dias a Thomas e levar pelo lado positivo de que eles ainda continuavam com um status de relacionamento sério no facebook, que isso deveria significar alguma coisa. Júlia apenas me lançou o sorriso mais triste do mundo e foi embora.

A segunda semana que Thomas simplesmente ignorava a todos chegou ao seu fim e aí eu comecei a ficar nervosa. Não nervosa com ele, mas com o fato de que Thomas realmente poderia ter dado um ponto final na nossa amizade. Apenas a hipótese disso ser realmente verdade me deixava extremamente paranoica.

E quando dezessete dias fecharam no meu calendário, eu meio que aceitei o fato de que Thomas não iria voltar a falar comigo nunca mais. E nem com Augusto. Nem Rafael. Muito menos com Felipe. Aceitei o fato de que o clube estava acabado.

Júlia estava totalmente desolada pelo tratamento ─ ou não tratamento ─ que vinha recebendo de Thomas. E, sendo sincera, eu me encontrava na mesma situação e sem saber como agir. Encontrei em Rafael o conforto e apoio que precisava para tentar entender tudo que estava acontecendo naquele momento. Rafael foi uma pessoa sem palavras durante aqueles dias.

Infelizmente não por causa de beijos e afins, mas sim por ser um amigo incrível e ficar ao meu lado.

Mesmo que nenhum de nós dois tenha entrado no assunto sobre o que aconteceu na cozinha de Pedro, pelo menos dessa vez nenhum de nós fugiu. E isso podia já ser alguma coisa, não é? Sendo sincera, talvez nenhum de nós dois tivesse cabeça para falar sobre isso agora com a atual situação de Thomas.

Talvez quando tudo se resolvesse... É, talvez.

─ Sua mãe vai casar no próximo final de semana e no próximo final de semana já é outubro. ─ Augusto cutucou meu ombro com muita força, demonstrando o quão animado estava com o casamento. ─ Esse ano passou voando, cara.

O fato de já ser setembro era algo que meu cérebro tinha grandes dificuldades em aceitar. Esse ano não passou voando: ele literalmente correu de todo mundo e chegou em primeiro lugar nessa corrida de anos que passam e a gente nem percebe. Juro que às vezes ficava meio perdida.

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