Four

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Fazia um mês desde minha primeira visita ao padrezinho, não que isso realmente importasse, eu só percebia que sim, estava perdendo meu valioso tempo naquele lugar e fazendo coisas extremamente entediantes de minha vida. Quer dizer, um mês! Eu podia estar em QUALQUER outro lugar do mundo, mas não, tinha que ser a porra de uma filha legal e ouvir as maluquices de uma mãe que tem merda na cabeça e acha que ser gay é do diabo mas vive falando sobre os peitos de silicone da mulher de um pastor de outra igreja daqui.

Hoje eu estava especialmente mal-humorada. Pensei em várias formulas químicas que eu pudesse usar para explodir a cabeça de alguém ou até mesmo a cidade. Aumentei o som que saía do meu computador e notei que era Flawless de The Neighbourhood.

Está aí minha religião.

Jesse Rutherford.

You're a doll, you are flawless – Comecei a cantar, andando pelo meu quarto numa dança estranha – But I just can't wait for love to destroy us, I just can't wait for love – Balancei os quadric, rebolando de todas as formas possíveis – The only flaw, you are flawless. But I just can't wait for love to destroy us. I just can't wait for love.

Espera aí.

Love to destroy us.

É isso.

Tirei o sorriso do meu rosto, voltando para a mesma carranca de péssimo humor que eu estava usando antes, descendo as escadas rapidamente e sentando ao lado de minhas irmãs ao perceber que elas estavam comendo.

– Você ainda ouve aquilo? Pensei que sua fase rebelde havia passado. – Spring resmungou e eu segurei a vontade de enfiar meu garfo em seus olhos feios.

– Você ainda vive? Pensei que teve a sorte de morrer enforcada no cordão umbilical da mamãe. – Retruquei, um sorriso cínico no rosto.

Qualquer coisa que tenha vindo dela logo após eu não ouvi. Subi para meu quarto depois de devorar o cereal e coloquei uma roupa de malhação, top azul e calça preta. Como estava frio nessa época do ano, vesti um casaco bem leve. Amarrei a parte de cima de meu cabelo e deixei o resto solto. Eu iria correr.

Assim o fiz, dei uma volta na pequena praça da cidade e logo depois me aproximei da igreja, dando várias voltas ao redor do quarteirão, na volta não sei qual diabos, encontrei o amorzinho de minha vida, o padre que faz cosplay de Jesus com esse cabelo e barba.

– Se não temos um pecador aqui... – Sorri em malicia, próxima a ele – Andou se confessando com alguém, Thomas? – Fiz um bico, me encostando na parede.

Thomas me olhou feio.

Não feio do jeito que você olha uma prova enorme de literatura.

Feio como você olha para o professor por passar uma prova daquele tamanho.

– Tem sorte que eu não falei para seus pais sobre sua promiscuidade.

– Minha o que? – Gargalhei, me aproximando dele, que regava as flores ao redor do monumento – Tom, você fala como se eu me importasse! Eu não dou a mínima para o que você fala ou deixa de falar de mim. Sabe o que eu quero? – Me aproximei dele, ficando na ponta dos pés atrás de seu corpo, deixando minha boca próxima de sua orelha – Eu quero foder você. Não só do jeito bom. Eu quero destruir tudo o que você tem aí.

– Basta! – Sua voz ecoou como um grito – Suma daqui, Summer.

– Sabe que eu nunca deitei na cama de um padre? Você mora aqui mesmo ou tem um lugar melhor? Leva alguém para lá? – Atirei as perguntas, aproveitando a porta aberta para me enfiar na entrada e sair procurando alguma coisa interessante – Olha só, você dorme aqui! – Avistei uma grande cama e me joguei lá, ouvindo o barulho da porta fechando com força – Tem um cheiro bom aqui, você usa o que para deixar os lençóis cheirosos?

O Pecado de Summer O'Hare ✔️Where stories live. Discover now