Capítulo dois (Parte I)

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Caía uma garoa fina enquanto Derek dirigia na estrada de volta para Nápoles, e o clima dentro carro parecia mais frio ainda. Kiara e Derek pareciam imersos em seus próprios pensamentos, e não haviam trocado mais do que algumas frases sobre o tempo chuvoso ou algo do tipo.

Derek não queria se aproximar demais da mulher, nem se tornar uma pessoa que ela pudesse contar porque ele sabia que era um tanto quanto perigoso. Por isso, estava travado em seu banco, com os dedos apertados no volante e a mente trabalhando em maneiras de reprimir a sua vontade de conhecer aquela mulher.

Porque ele não entendia sua motivação, mas ele queria conhecê-la.

Ele não queria admitir, mas ela era maravilhosa. Havia um olhar forte e profundo, como quem gostava de estar sempre sabendo de tudo, e ele não achava uma mulher tão linda desde Anya, a última namorada que tivera antes de entrar para o seminário. Não que Kiara tivesse alguma semelhança com Anya, elas possuíam belezas completamente diferentes.

A mulher ali ao seu lado tinha uma estatura boa, era menor que ele uns 10 ou 15 centímetros, possuía os cabelos castanhos até a altura dos ombros e sua pele parecia de oliva, ele não sabia ao certo, mas era uma beleza rara.

Kiara se remexeu em seu banco e Derek a olhou no impulso, percebendo que ela estava um pouco encolhida. Tinha sido tão insensível que nem mesmo perguntado se ela queria que ele ligasse o aquecedor do carro.

— Me desculpe, senhorita Crawford — Derek disse, chamando a atenção da mulher. — Quer que eu ligue o aquecedor? Essa época do ano tem a tendência de ser bem fria.

— Ah, não. Eu estou bem. Eu estou acostumada com baixas temperaturas — Kiara explicou sua recusa. Ela havia sido treinada para aguentar baixíssimas temperaturas no FBI, e aquele tempo gélido não era o que estava deixando-a encolhida, mas sim, o seu nervosismo.

Ela nunca contaria aquilo para alguém, mas era a maior das verdades, o padre Derek Santarelli estava deixando ela completamente sem-jeito, e não por sua beleza, mas pela maneira estranha que estava tratando-a. Parecia que ele não a queria por perto, como se ela tivesse algo contagioso.

Isso não passou despercebido por ela quando ele a encarou no hotel, ou quando ela perguntou sobre Nápoles, se ele conhecia algo que não fosse a igreja ou o clima, aliás, ele só sabia falar que a cidade estava muito fria. Ela podia olhar a temperatura pelo Google, se quisesse. Mas foi a partir daí que ela começou a perceber que Derek não era muito de papo ou ele não estava muito contente com a sua presença. A mente de Kiara preferiu ficar com a segunda opção.

A viagem já estava acabando, para alívio de ambos. Derek queria chegar logo e se esconder em seu quarto ou dar uma volta pela cidade, sumir das vistas espertas de Kiara porque sentia que ela poderia arrancá-lo do mundo que conseguira construir com tanta dificuldade ali na cidade.

— Acho que devo ter te atrapalhado hoje, não é? — Kiara perguntou, sem conseguir ver a carranca no rosto de Derek e permanecer calada.

— Como? — Derek olhou para a mulher, assustado por ela ter quebrado o silêncio e de forma tão direta.

— Você não parece muito feliz. Sei que já pedi desculpas demais quando estávamos no hotel, mas sinto que preciso pedir novamente.

— Não, senhorita. Eu apenas não estou em um bom dia — Derek se explicou, e no fundo, a culpa dele não estar em um bom dia, era toda de Kiara, mas ele nunca falaria isso.

— Tem certeza? — Kiara insistiu. — Eu sei reconhecer uma carranca de desgosto ou tédio.

— Eu tenho certeza — Derek confirmou e abriu um sorriso amplo para ela que mataria uma mulher desavisada.

Tentação Proibida (DEGUSTAÇÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora