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SEGUNDA-FEIRA
7h30


Os raios de luz do sol que penetravam o quarto e iluminava os cabelos ferrugem de Elizabeth vinham de uma pequena fresta na cortina da janela. Uma pequena falha na hora de fechá-la por completo na noite anterior. Derrotada pela luz forte e pelo calor, a mulher se virou na direção do despertador e encarou a hora: 7h32 da manhã, em plena segunda-feira.

O despertador estava programado para duas horas à frente — mas claro, ela tinha que ter fechado a cortina de maneira errônea. Suas mãos se posicionaram uma de cada lado de seu corpo e serviram de apoio para que o mesmo pudesse inclinar-se para frente, até que ela se viu sentada. Levou as mesmas mãos ao rosto, inacreditavelmente cansada da noite anterior.

Havia — finalmente — descoberto o esconderijo de Juan Ortegia, o maior traficante da área. O mesmo estava foragido não somente pelo tráfico de drogas mas também pelo de pessoas. O FBI o caçava a meses até que uma única pista bastou.

Foi certeira.

Mas após prender o criminoso, Elizabeth ficara até tarde tratando de toda a papelada que acompanhava um caso bem resolvido. E ainda haviam coisas em aberto, como os capangas e um grupo de chineses que eles sabiam que estavam nos EUA, só não haviam achado ainda. Era como procurar uma agulha num palheiro.

O vibracall de seu celular a tirou do transe, fazendo com que a mulher começasse a procurar o aparelho enlouquecidamente até achá-lo debaixo do travesseiro. O nome do visor trazia dúvidas: Naomi. Sua parceira e amiga não ligava cedo se não tivesse um caso ou um problema para desabafar.

— Alô?

— Liz? Temos um caso. — A agente do outro lado parecia afobada, como quem faz muitas coisas ao mesmo tempo — Passo aí em 30 minutos. Um corpo foi encontrado, precisam de nós.

— Droga, Naomi. Tem haver com Ortegia? — nesse momento, Elizabeth já levantava da cama, preparando a toalha e a roupa

— Não até onde sabem. Apenas se arrume e espere por mim. Isto parece sério, Vivian não estava nada feliz no telefone.

Bufando e contra sua própria vontade, Elizabeth desligou o telefone e foi tomar seu banho. Um corpo? O dia seria longo.


...


Ao pisar no barro escuro do parque em que o corpo fora achado, já se era possível sentir o cheiro forte de química. Elizabeth exibiu o distintivo e deixaram-na passar pela faixa. Encontrou Naomi, que havia deixado o carro um pouco antes, já agachada ao lado de alguns restos mortais e ao se aproximar o cheiro forte da química só aumentava.

— O que temos?

— Não sei ainda — o suspiro de Naomi a fez tossir pelo cheiro forte — Vivian me ligou e disse que cientistas forenses nos serão enviados. Aqui há pouco tecido, muito osso, claramente há algum ou vários produtos químicos... Não podemos mover nada aqui até que cheguem pessoas que consigam, de fato, mexer sem danificar nada. O pior é que a vítima está nua. — A agente encarou pequenos insetos se alimentando do tecido que restara ali e fez cara feia — Sem contar que a perícia não conseguiria arrancar nada desses insetos.

— E quando eles chegam?

— Agora! — um grito distante a respondia

Ao olhar para trás, Elizabeth pôde avistar um grupo de pessoas adentrando o local. Seu uniforme era verde e todos vestiam luvas negras e máscaras brancas, cobrindo o nariz. Uma das mulheres, de pele clara e olhos escuros, entregou uma máscara para Elizabeth e outra para Naomi, que logo colocaram no rosto para evitar o contato com o cheiro químico.

Instituto Duran - Flores da Morte (hiatus)Where stories live. Discover now