III

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Após receber a notícia de que as agentes só poderiam falar com o suspeito na manhã seguinte, todos do laboratório foram liberados de seus afazeres. Pelo menos aqueles que já tinham terminado tudo.

Dante levantou-se, pegou seu casaco e saiu de sua sala com calma. Não tinha pressa.

Sua chegada em casa fora silenciosa, o golden retriever o recebeu com preguiça e uma leve lambida na mão. O antropólogo se deu ao trabalho apenas de trocar a água velha do cão por uma fresca, e dirigiu-se ao seu quarto pronto para arrumar uma roupa para tomar um banho quente.

Ajeitou tudo, entrou no banheiro da suíte e ligou o chuveiro. Logo a água quente fez com que um vapor denso tomasse conta do banheiro inteiro, ainda que o mesmo se encontrasse de portas abertas.

O banheiro era grande o suficiente para ser outro quarto. A prova disso era o espelho de uma parede inteira, que tinha quase 2 metros de largura e ia até o teto do cômodo. Foi nele que Dante viu, meio distorcido pelo vapor, sua imagem nu. Tinha um corpo bonito, definido, que mesmo sem nitidez era possível ver. Braços musculosos, uma barriga chapada e coxas tão definidas quanto todo o resto. Seu pênis, mesmo sem estar ereto, tinha um tamanho muito agradável também.

Era um belo de um homem.

E sabia disso.

Mesmo assim, não podia deixar de lembrar que por dentro daquele casco bonito, sua alma era velha e destroçada.

Adentrou o chuveiro e logo sentiu a água quente em sua pele. Em poucos segundos, o que era branco tornara-se levemente rosa, e então um vermelho forte. O vapor da água o acalmava, o que era extremamente útil naquele momento.

Enquanto se ensaboava, Dante lembrou-se do que estava vendo em seu trabalho: a morte. Tão certa que era a única coisa que ele sabia que não era capaz de escapar. Nem as pessoas que ele analisava. Ou o resto delas. Tinha noção do que significava a morte e tinha noção também do quanto ele podia se esquivar dela.

Lembrou de seus pais, e como eles não tiveram a chance de escapar da morte. Ou mesmo de se esquivar dela. Dante tinha apenas treze anos quando o policial bateu em sua porta, exigindo falar com sua babá. Lembrava de ouvir a garota soluçar aos prantos, enquanto ligava para a "Dona Cassie e Seu Gregório". Seus avós.

Dante saiu do chuveiro, pegou uma toalha e enxugou-se com ela, depois enrolando-a em sua cintura. Seguiu até seu quarto, vendo o cachorro deitado no tapete aos pés da sua cama. Inclinou-se o suficiente para fazer um carinho no mesmo e então seguiu para deitar-se. 

Seria uma longa noite em claro. 





Naomi passara o dia inteiro organizando a equipe, indo atrás de testemunhas e suspeitos. Tudo porque a pista que haviam achado era uma armadilha.

Uma armadilha para o nada.

A investigação toda parecia estar perdida, até que uma testemunha decidiu falar algo que, finalmente, parecera útil. Chegaram à um terreno largo, de mato alto e grosso. Ao fundo, quase que invisível, uma casa grande e velha, quase caindo aos pedaços, tomava um espaço pequeno se comparado ao resto do pedaço de terra.

Do lado de fora, ainda na pequena estrada de terra, a agente organizava sua equipe para uma invasão. Escondidos dentro de um furgão preto, no meio da mata alta do outro lado da rua, os agentes monitoravam o local esperando o sol se por para agirem. 

De repente, tudo aconteceu rápido demais. 

Uma rajada de tiros foram lançadas contra o furgão e antes que pudesse reagir, a agente Trídon apagou.

Instituto Duran - Flores da Morte (hiatus)Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt