09. Hearts Don't Break Around Here

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Vou lhes contar uma história. Desde já, informo que não será uma história com final feliz e que ela não é uma história de amor, mesmo tendo uma menina que encontra o cara perfeito para a vida dela, ela é quase isso, porém haverá algumas discordâncias. A história que eu irei contar é a minha, a história de como eu morri.

Tudo inicia-se em uma segunda feira, sete dias, antes de meu corpo ser encontrado caído num asfaltado sujo e frio às meia noite em Soho. Minha rotina era a mesma desde que comecei a trabalhar com jornalista em Nova Iorque, diariamente, assim que saia de casa seguia o rumo para o mais próximo Starbucks que encontrasse. Naquele dia, o que eu iria era em Soho.

Era típico da minha pessoa sempre pedir um café puro e correr para o escritório em Manhattan logo que pegasse um táxi, porém, naquela manhã eu havia saído bem cedo de casa.

O interior estava vazio. Poucas pessoas habitavam o local, bebericando suas bebidas repletas de cafeína para desperta-las da insônia que lhes atormentava diariamente.

Ele estava virado de costas para mim em uma das últimas cadeiras. Trajado por um casaco quente e preto, com uma calça jeans escura deformada por rasgos em seus joelhos e botas da mesma cor de seu casaco protegendo seus pés da frieza de NY. Seus cabelos estavam bagunçados como sempre, aparentava estar nervoso de tanto que passava os dedos cheios de anéis pelos fios castanhos e dispersos.

Posicionou as pálidas mãos sobre a madeira escurecida da cafeteria. Puxava ar para seus pulmões há cada cinco segundos e soltava em menos de três. Trazia rosas ao lado do pequeno corpo escrito "Kiwi" não pude deixar de rir da palavra deixada por Sam.

— Bom dia, Daisie — a calmaria da voz de Sam conseguia me acalmar em meio a correria diária.

Não soube o porquê, mas, eu quis sentar com ele naquela manhã para descobrir o motivo das flores. Minha curiosidade era um péssimo defeito, sempre tentei repará-lo, todavia aquilo para mim era quase impossível.

Posicionei-me a sua frente, encarando o jovem aparamente nervoso. Parecia ter chorado nas últimas horas, com o grande inchaço em seu lindo rosto. Coloquei o copo cheio de café puro sobre a mesa com minhas pequenas mãos brancas posicionadas ao redor, sendo rapidamente encaradas por ele. Parecia desconfortável com minha presença.

Meus olhos correram para as flores e sorri, lembrando das poucas palavras do meu último namorado.

— Rosas são o tópico de um homem, faz sentido ela não ter vindo — seus olhos fundiram-se na raiva. — Margaridas ou lírios talvez sejam menos clichês.

Os globos oculares compostos por uma pigmentação verde chegaram até meus olhos em poucos instantes. Meu coração bateu desornado, um leve suspiro saiu por suas narinas, antes de abrir a boca para falar algo.

— São as favoritas da minha namorada — seu sotaque britânico me fez sorrir.

Ora, o senhor clichê possuía namorada.

— Vocês devem ser um casal clichê — supus, pegando meu corpo branco cheia de café e trazendo-o até meus lábios secos por conta das fortes ondas de ar frio de NYC. — Daqueles que saem em fins de semana passa irem ao shopping, somente para assistir filmes de romance, porque ela deve ter melhor de terror — meus dedos foram apertados contra o recipiente plásticos. — Talvez — estreitei meus olhos ainda sendo encarada por ele.

— E quem seria você? — a voz rouca do britânico chamava minha atenção de uma maneira inexplicável, mais do que seus olhos.

Se eu visse o futuro, diria que era o amor da vida dele.

— Daisie Butler — minha resposta foi automática, igual a minha mão indo em sua direção. Ele logo apertou meus pequenos dedos e pude sentir seus diversos anéis. — E você? — apertei os lábios compostos por camadas de um batom vermelho, observando ele encarar as flores pela milésima vez naquela manhã.

Ficstape - Divide (Ed Sheeran)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora