Capítulo Seis

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O calor estava insuportável e Olívia só queria estar dentro de uma piscina e bebendo alguma coisa bem gelada para aliviar o calor e claro, ter um cenário mais divertido do que o que tinha naquele momento.

Não que ela não gostasse de livros, ela adorava ler, mas trabalhar em uma livraria não era tão legal assim quando o chefe não era dos melhores, aliás, seu chefe era o pior.

Assédio verbal era o que mais acontecia, mas ela sabia que outras vendedoras já tinham o acusado de assédio sexual, e Olívia agradecia muito por não ter acontecido com ela, porque ela provavelmente arranharia a cara dele inteira, ainda que acabasse na cadeia, afinal, a culpa nunca seria do homem. Alegariam que ele só estava seguindo seus instintos.

— Olívia? — Um vendedor a chamou e ela se aproximou dele.

— O que foi? Que cara é essa, Otávio? — Olívia perguntou e o vendedor sacudiu a cabeça de forma negativa com os olhos fechados.

— Eles estão demitindo sessenta por cento dos funcionários hoje. — Otávio soltou a bomba e Olívia deixou o queixo cair.

— Ai meu Deus! — Olívia exclamou. — Acha que eu estou na lista dos demitidos?

— Não sei. Só fiquei sabendo que a demissão é para quem trabalha aqui a menos tempo.

— Então, eu estou na lista de demissão! Eu sou uma das mais novas aqui, Otávio. A maioria trabalha aqui há 4 ou 5 anos, desde que a livraria abriu. E como estão demitindo? Chamando um por um?

— Então, é basicamente isso. E eu vim exatamente para te chamar.

— E porque não falou isso desde o começo? — Olívia perguntou, obviamente em desespero. Ela sabia que teria que ir embora caso não conseguisse um papel em qualquer peça ou novela, mas perder aquele emprego era a certeza de que estava no fundo do poço.

— Estava tentando te preparar para o pior! Ou preferia entrar lá sem estar preparada para o susto?

— É. Você está certo — Olívia respondeu, seu coração apertado. O mundo parecia estar conspirando para que ela fosse embora da cidade. — Vou lá, enfrentar a fera.

— Boa sorte! — Otávio desejou e Olívia sorriu fracamente.

Ela caminhou pela grande livraria, e subiu para o segundo piso até a sala de João Pedro, seu chefe que era tão bonito quanto nojento. Se fosse demitida pelo menos não precisaria passar o dia com medo de ser assediada por ele. Aliás, era ótimo ela se livrar de um trabalho no qual ela se sentia tão preocupada o dia inteiro.

Ainda que as contas não se pagassem sozinhas.

Ela bateu na porta duas vezes e mordeu o lábio inferior pensativa, acreditando que talvez não seria demitida e que Otávio estava criando uma tempestade em copo d'agua. Poderia ser aquilo, não é?

— Olá, senhorita Bernardes. — João Pedro cumprimentou e Olívia sorriu, o mesmo sorriso plastificado e forçado que dera para Otávio minutos antes.

— Oi. — Ela respondeu, tentando ser tão cordial quanto seu chefe tinha sido, mas não conseguiu. — Otávio me disse que você tinha pedido para me chamar.

— Sim. E eu já imagino que as fofocas estejam andando pela livraria e que a essa altura você já saiba a minha motivação de pedir que viesse até aqui. — João Pedro falou com voz de pesar.

— A empresa está demitindo. E devo acreditar que você está prestes a me mandar para o olho da rua. Acertei? — Olívia soltou tudo, sentindo aquilo doer mais do que ela poderia imaginar. Era a última pá de terra para o enterro de seu sonho de permanecer ali no Rio e se tornar uma atriz.

Um Romance Para AidenWhere stories live. Discover now