Ilha de Páscoa - Ariki Teriitehau

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- Por aqui, pessoal! - falou Ariki, o guia turístico de uma das agências de viagem da Ilha de Páscoa, em 3 línguas diferentes, acompanhando o grupo daquela manhã de Abril pelo Parque Nacional de Rapa Nui. Mal sabiam que, em poucos momentos, algo terrível aconteceria.

A policial Ulani Kauula veio o mais rápido que pode da cidade onde morava, no Chile, para interrogar o guia. Depois de quase 1 mês das notícias sobre o Brasil, queria ter certeza se era o mesmo caso; aquele que lhe deram a ordem direta de investigação.

- Senhor Teriitehau... - começou ela, ligando o gravador enquanto conversavam na recepção de um dos hotéis da região.

- Por favor, me chame de Ariki. - ele sorriu, ainda nervoso, enquanto tomava uma xícara de chá, reparando o distintivo dos carabineros em seu uniforme, polícia militar do Chile, com seu nome bordado do lado direito. - Você não é do Chile, é?

- Não, senhor Ariki. Sou rapanui, nativa da Ilha. Meu nome me entregou, não foi? - ela sorriu, recebendo um aceno positivo dele, mas ainda com a mesma expressão nervosa. - Sei que aqui não existe violência, é uma cidade segura e pacífica. O senhor pode me contar o que aconteceu? Todos os detalhes que lembrar são importantes.

- Estava com um grupo de turistas, visitando os moais de Ahu Tongariki, e estas pessoas estranhas vieram em nossa direção. Elas eram carecas, verdes e alguns pingavam uma gosma esquisita. As roupas não estavam rasgadas, apenas sujas dessa gosma vermelha. Meu primeiro impulso foi sair correndo e proteger os turistas, mas por mais que insistisse, 3 deles paralisaram! Ficaram para trás e podia escutar eles gritando "Me ajude." sem moverem-se do lugar! Foi horrível!

- Vou ser sincera com o senhor... Vários desses casos tem aparecido no mundo, e temos que cuidar da nossa comunidade e dos visitantes! Em todos os relatos as pessoas pedem por ajuda e ficam paralisadas, até serem transformadas nestes monstros...

- Então... aqueles turistas... eles foram... - Ariki arregalou os olhos.

- Sim, provavelmente tornaram-se monstros também. Por isso preciso da sua ajuda! Não quero apenas gravar o seu relato e enviar para os responsáveis internacionais. Temos que agir já, antes que toda a Ilha seja infectada!

- Seja o que for, eu ajudo! - falou ele, animado.

- Senhor Coronel... - disse, colocando a boca mais próxima ao gravador. - Não o conheço pessoalmente, sei que está fazendo de tudo ao seu alcance para proteger o mundo, mas meu coração e meus ancestrais são parte da Ilha de Páscoa, minha história foi escrita aqui e não pretendo ir embora sem lutar. Peço que meus esforços e de todos os envolvidos sejam reconhecidos, mesmo que nossos atos não sejam oficiais. - e pausou a gravação.

Ariki, Ulani, e mais 5 policiais de elite sob seu comando, partiram em direção ao local onde tudo aconteceu, horas atrás. O ônibus de turismo, lotado de malas e caixas militares, corria entre as ruas do Parque Nacional, até parar próximo aos moais de Ahu Tongariki, as enormes Cabeças de Pedra da Ilha de Páscoa.

- Foi aqui... - Ariki apontou para uma das cabeças. - O primeiro deles saiu de trás desse moai. Os outros estavam escondidos atrás das outras, como se preparassem uma armadilha...

Chegando mais perto da plataforma, a maior da ilha, com 15 moais, examinou minuciosamente cada detalhe que poderia ser relevante. Ao investigar a cabeça de pedra apontada por Ariki, o penúltimo moai, o único com um "chapéu" de pedra, chamado pukao, notou um desenho entalhado na base.

- Pelo o que aprendi sobre glifos rongorongo na escola, quando morava aqui, este é o que representa"Rano Raraku", a cratera vulcânica de onde saíram as pedras dos moais, estou enganada? - perguntou a policial para o guia.

Apocalipse: A morte da TerraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora