O despertar

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 Ele geme. A cabeça dói. 

Seus olhos demoram a se acostumar com a penumbra.

Seus óculos estão no chão, próximo a ele. Tateando no chão úmido os encontra.

Agora já consegue enxergar um pouco melhor.

Está em uma espécie de despensa. Vários utensílios de limpeza. Esfregões, baldes, rodos e panos sujos e mofados.

Ele tenta se levantar. A cabeça lateja como se uma onda a chacoalhasse de um lado para outro vai ao chão novamente.

O frescor do chão lhe revigora e ele se arrasta pelo piso de chão e barro. Parece que o depósito da despensa tem um tamanho maior que o normal.

Então quando ele puxa uma espécie de cortina, tentando se levantar, essa vai ao chão e revela atrás de si uma parede. Mal consegue enxergar naquela escuridão. Se apóia na parede e levanta-se. Tateando a parede toca no que parece ser um trinco. Ouve um estalido e imagina que está saindo do cativeiro. No entanto há mais escuridão atrás da porta de madeira. Ele tateia a parede em busca de um interruptor e não acha nada. Dá dois passos para o interior do recinto e algo toca seu rosto. Parece teia de aranha. Eca, ele dá um pulo para trás. Leva as mãos ao alto e vai tateando o ar. Não era teia de aranha. Parece um fio. O puxa e então a luz se acende revelando onde está.

Custa a crer no que seus olhos mostram.

Está em uma espécie de gruta, ou caverna, sob a casa. E há vários objetos ali. Objetos de decoração. Mesas, móveis e utensílios. Quadros ainda cobertos com papéis velhos e mesmo alguns com tecidos os cobrindo. Mas o piso da caverna é úmido e em alguns lugares se vê poças de água. Lembra-se então que toda a região de Jurerê Internacional foi alvo de aterros. Alguns regulares, mas nem todos.

Um castiçal brilhante lhe chama a atenção.

Ele se aproxima tendo cuidado para olhar onde pisa, pois no chão também existem vários objetos.

Uma luz vermelha brota do castiçal ao ser tocado.

Ela lança um raio que atinge um canto da gruta onde há um cálice que emite outro feixe luminoso e assim a pequena gruta é preenchida por vários pontos luminosos e raios coloridos.

Nesse momento um clarão se faz presente e um barulho enorme qual uma explosão acontece. Rani fecha os olhos. Onde foi se meter? O que era aquilo?

- Quem é voce? O que está fazendo aqui! - Uma voz rouca se fez ouvir. Era diferente. Com sotaque estranho. Mas ele conseguia entender. - Não se mexa! Se tocar em algum outro objeto um raio laser poderá fazer sua mão em pedaços! Deixe-me desligar isso.

Rani olhava assustado para todos os lados. Ouvia a voz mas não via ninguém.

- Então! Qual seu nome? Quem é você? O que está fazendo em minha casa? - insistia o outro

- Rani... Meu nome é Rani... Eu não... eu não roubei nada. - tremia ao pronunciar as palavras.

- Sei! E porque está aqui?

- Alguns amigos, eles me enganaram. - Ele tremia - Um amigo. Ele me trouxe para cá. Disse que havia alguns livros que eu poderia pegar. Eu não sabia.- Ajeita os óculos. Ainda não vê ninguém.

- Amigos? Onde raios estão esses amigos? - Então percebeu. A voz era em portugues de Portugal.

- Eles bateram em minha cabeça e se foram.

- Belos amigos hein?! Mas ainda não disse o que está fazendo em minha casa.

- Eles, digo ele, o Ricardo, me trouxe para essa casa dizendo que conhecia o dono e que tinha alguns livros que eu poderia levar,como doação. Não sabia o que eles iriam fazer.

O livro maldito  - Os Órfãos de DeusWhere stories live. Discover now