Faça um pedido, Manu

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    " —Olhem o que eu trouxe, sem querer para a escola — Ingrid exclamou no meio da atividade


Ela segurava uma bolinha laranja, era bem esquisita. Feita de borracha, tinha umas protuberâncias que lembravam espinhos de rosas, só que mais grossos.

— É do Tobby — ela completou balançando a bolinha.

— Seu cachorro também chama Tobby? — Isis perguntou.

— Sim, ele tem cinco anos e é um shih-tzu— ela sorria

— O meu também! Não acredito. Deve ser a coisa mais fofa do mundo — Isis comentava com a voz fina, igual à dos adultos quando falam com bebês.

Fiquei observando as meninas conversarem sobre os cachorros, eu não tinha muito o que dizer, mas minha boca grande algumas vezes, resolvia falar mais do que deveria..."

***

Ouvi os convidados gritando para que eu apagasse as velinhas depressa. As vozes pareciam distantes e eu fui voltando à realidade aos poucos. Aquela lembrança me fez decidir. Eu já sabia o que pediria aos as minhas velinhas de aniversário daquele ano.

Entre assobios animados, apaguei as velas, desejando do fundo do coração aquilo que estava em minha mente. Os dois números 'um' se apagaram e eu torci para que meu desejo se realizasse.

O resto da festa foi bem normal, comemos bolo e brigadeiros. Thalita foi embora com os pais, mas nos veríamos na manhã seguinte. Alguns dos meus parentes voltaram para São Paulo, outros dormiram na chácara. Fiquei olhando como caberia todo mundo se tínhamos apenas dois quartos, mas acho que mamãe colocou alguns deles na sala.

Depois de me despedir de todos, escovei os dentes e deitei. Antes de cair do sono, quis registrar mais uma das minhas aventuras em Heyarthium no meu diário velho. As páginas já estavam acabando e eu ainda tinha muitas coisas para contar sobre lá. Desde quando comecei a brincar, após assistir alguns desenhos, eu escrevo no primeiro diário que ganhei, todas as coisas que imagino. O presente de Thalita era o único que eu iria usar.

Deixei o diário na cômoda e me cobri. Minha avó já estava dormindo, fiquei assistindo ela dormir um pouco e pensando no meu aniversário. O tempo passou rápido demais, eu já estava com onze anos... Será que o tempo passou depressa para a vovó também? Foi filosofando sobre a vida, que acabei adormecendo. 




BillyWhere stories live. Discover now