Prológo

42 3 0
                                    

Era uma noite escura e fria, sem estrelas que iluminasse o caminho...

A rua parecia deserta, mas se você olhasse com mais atenção, veria um casal no meio da tempestade.

Talvez pensasse que eram apenas jovens a flor da pele, aproveitando a vida, tomando um simples banho de chuva e passasse reto, lembrando como era bom ter aquela idade... mas você não poderia estar mais errada...

-Você não precisa fazer isto!- diz a menina ajoelhada com seus cabelos molhados no rosto, não por causa da chuva mas por culpa de suas lágrimas

-Não tenho escolha- diz o garoto ensopado sem se importar com os prantos da amada.

-A vida é feita de escolha, amor!!! - ela suplica.

-Não, não nesta vida- diz olhando a estrada esperando o ônibus de viagem como se não tivesse alguém na sua frente à beira do desespero.

-É isto que eles querem que a gente pense, por favor, pense em quanta gente vai morrer, pense em como a gente morreu - diz colocando suas duas mãos no rosto tentando não pensar em como sua vida mudou depois daquele acidente.

Ele balança a cabeça negativamente.

-Acho que você não me conhece bem, Rose.

Ela tira as mãos do rosto lentamente e olha para fisionomia do amante, vê seus olhos antes tão brilhantes como esmeraldas, agora apenas um verde sem brilho.

Seu rosto cheio de cortes e frieza mostrando não se importar com os sentimentos da pessoa ali ajoelhada.

Seu sorriso sem transmitir calor, apenas mostrando que mais uma alma tinha passado para as trevas.

Com um peso no coração ela começa a pensar em como seria se nada disso tivesse acontecido.

Eles estariam casados, numa casa simples, longe de tudo e todos, felizes, curtindo qualquer filme brega que servisse de desculpas para se beijarem.

Planejariam quantos filhos teriam, as viagens que fariam e então ela escreveria um best- seller sobre a linda história de amor dos dois.

Um dia ela seria avó e ele avô e os netos sentados no tapete perguntariam como que aguentaram por todos aqueles anos juntos e ela responderia com clichê:

-O amor une as pessoas, com uma cola que nunca desgruda.

E quando ela e Liam fechassem os olhos, eles partiriam juntos para uma vida melhor do que essa...

Mas em vez disso um dos dois morreriam daqui alguns minutos e ela tinha certeza de que seria ela.

Mas isso não seria o fim de sua vida, e sabendo disso ela levanta o rosto evitando que mais lagrimas caiam e com uma coragem que ela sabia que não tinha diz:

-Verdade, eu não conheço este ser que está agora na minha frente.

"Eu conheço o Liam que não machucaria uma mosca, que nunca me deixou desabar lágrimas e que pensava primeiro nos outros.

Eu conhecia o Liam, que era um exemplo para sociedade.

Um garoto que defendia seus princípios sem se importar com que os outros diriam.

O Liam que nunca se importou em ganhar, que só queria aproveitar a vida.

O Liam que eu considerava minha alma gêmea.

Aquele que eu daria minha vida"

Então com essas palavras ecoando na estrada, ela se ergue com a faca que era destinada a matar dezenas de jovens e com uma determinação e coragem que pessoa nenhuma teria naquelas condições, diz suas ultimas palavras:

-Eu me rendo, não por você, mas pelo amor e enquanto uma pessoa acreditar nele, enquanto um ser não se envolver com as trevas, eu vou voltar, sendo que um dia você vai olhar nos mesmos olhos que está encarando agora, vai me reconhecer e se arrependerá amargamente.

E antes que Liam entendesse algo, Rose empunha a espada afiada e antiga com as duas mãos, fazendo-a atravessar seu coração.

Caindo de joelhos com um único grito de agonia ecoando pelas ruas desertas, a dor estampada em seu rosto de porcelana, o sangue é misturado com a água da chuva no mesmo instante em que um ônibus aparece no fim da estrada, como se tudo tivesse sido programado.

Liam sem perceber que algo de sobrenatural tinha acontecido ali, corre em direção ao autocarro sem ver a mensagem que o sangue da amada deixou.

Sem sequer derramar uma lágrima pela sua alma gêmea.

Sem nem ao menos dar um ultimo beijo.

E a partir daí, nasce uma guerra que nenhum ser humano que habita ou habitará a terra entenderá.

Uma guerra onde todos gritarão e não saberão o porquê.

Uma guerra que começa agora.

Seven Days: Uma segunda chance de morrer (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now