Capítulo 3

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Acordo em um sobressalto e quase caio da canoa....espera desde quando eu estou numa canoa?

Minha cabeça começa a doer e fecho os olhos.

Por que tudo está tão confuso?

O que estou fazendo aqui?

Afinal quem eu sou?

Abro os meus olhos e vejo ao redor, estou navegando em um mar cheio de neblina com água escura.

Ouço gritos de dor e pânico vindo do fundo dele.

Olho para um céu sem estrela nenhuma, apenas com nuvens cinzas ameaçando cair uma tempestade.

Olho para a canoa onde estou e vejo pelo menos quinze jovens.

Viro a cabeça para o meu lado esquerdo e vejo um menino com cabelo de anjinho que eu tenho certeza que o conheço como todos os outros que estão aqui.

Tento me lembrar de onde, mas só faço minha cabeça doer ainda mais.

Procuro em volta alguém que esteja conduzindo o barco e não vejo ninguém, todos estão olhando fixamente para frente, sem conversar, sem entrar em pânico, sem se mover.

Sinto algo subir pela minha garganta e viro minha boca para a minha direita e vomito, o que parece ser panqueca de chocolate, no mar.

Quando termino, limpo a minha boca com a minha mão para depois limpá-la no meu vestido.

Encosto no meu assento e suspiro, tentando fazer com que minha dor de cabeça passe e eu consiga lembrar de algo.

Mas em vão.

Não consigo lembrar como eu sou, do que gosto, da minha família e nem do meu nome.

Algo está estranho.

A única coisa que me lembro muito vagamente é o sonho que tive antes de acordar para o real pesadelo e o meu coração começa a palpitar quando lembro do desespero da Rose.

Balanço a cabeça tentando afastar meus pensamentos.

Foi apenas um sonho, um sonho bem real, mas apenas um sonho.

Abro os meus olhos novamente e tenho a sensação que não saímos do lugar.

Ainda estou cercada de água com neblina, sem nenhum destino aparente e começo a entrar em pânico.

Por mais que não me lembre de nada tenho certeza que não pedi para estar aqui.

Cutuco o garoto ao meu lado, mas ele não tem reação.

Cutuco-o novamente e nada.

-Ei, você está bem?-Pergunto sem conseguir resposta.

Viro para trás e vejo que estou na ultima fileira.

Do meu lado direito não tem nada a não ser água e mais água.

Meu coração começa a bater mais forte e sinto que eu tenho que fugir.

Mas para onde?

Uma gota de água cai em minha testa e escorre até o meu queixo.

Olho para cima e percebo que a tal tempestade está começando com uma garoinha.

Mais pingos começam a cair aumentando a velocidade aos poucos, mas ninguém parece se importar, todos continuam imóveis, em transe.

O mar começa a ficar agitado, como se também tivesse entrando em pânico, como se quisesse fugir para outro lugar, fazendo com que a canoa comece a balançar fortemente, deixando água até meu o tornozelo.

Levanto-me e começo a andar com desespero com a certeza de que temos que sair daqui sem não todos se afogarão.

Chacoalho o menino de cabelo de anjinho, tento com uma menina com moicano roxo que está do lado esquerdo do garoto.... mas nada.

Tento andar para frente mas acabo escorregando no monte de água que está agora no barco.

Levanto-me rapidamente na intenção de tentar fazer todos saírem da pane e perceberem que estamos prestes a morrer, porém acabo caindo no mar.

Engulo água imediatamente para descobrir que ela possui gosto de carvão.

Mãos me puxam para baixo e por mais que eu tente subir não consigo.

Debato-me sem parar mas acabo só engolindo mais água.

Meu coração dispara ainda mais.

Tento chutá-las mas elas prendem os meus dois pés juntos.

Grito um grito sem som.

Estou desesperada.

As vozes começam a aumentar cada vez mais.

Choros de tristeza se misturam com gritos de desespero e risadas de maldades.

Água invade meus pulmões e tento me agarrar a algo, porém só encontro água e mais água.

Olho para baixo para ver quem que está me puxando, mas só vejo sombras e neblina mais preta do que o próprio mar.

Minhas lágrimas se misturam com a água preta.

Sei que a tempestade aumentou pois o mar está mais violento.

Tento gritar mais só faço com que mais água entre na minha boca

"Você pode controlar isto" - Diz uma voz em minha mente que me faz lembrar a voz da Rose.

Talvez eu esteja começando a delirar para finalmente morrer.

"Não deixe o medo te controlar"

O meu coração está batendo cada vez mais rápido como que diz que ainda não esta na hora dele parar.

As mãos começam a me puxar mais e mais para baixo e a esta hora não consigo ver mais a canoa nem o céu com a tempestade caindo.

Sei que chegou a minha hora de ir para um lugar melhor.

"Preste atenção Kelsey, não podemos morrer novamente"

A voz parece estar com raiva e percebo que talvez, só talvez não seja um delírio e sim algo que veio me ajudar... mesmo que não esteja fazendo lá esta coisa.

"Meu tempo está se acabando, lembre-se: isto é um tipo de sonho e você sempre controlou os..."

O mar fica mais escuro e então fecho os olhos pois não faz mais diferença.

Penso nas palavras que acabei de ouvir e uso o pouco que resta das minhas forças para fingir que isto é um pesadelo e a única coisa que preciso fazer para essa tortura acabar é acordar.

Isto é só um sonho- falo para mim.

"Nada pode me ferir."

"Eu controlo o rumo da minha vida."

"E quando eu abrir os meus olhos estarei em um lugar seguro."

Mas parece que a voz estava errada, pois não abri os meus olhos e sim fui puxada mais para baixo fazendo com que eu bata a minha cabeça em uma pedra.

Meu último grito se vai junto com a minha força e a minha vida.


Seven Days: Uma segunda chance de morrer (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now