Capítulo 1 - Fogo

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Lay your weary head to rest: don't you cry no more. No!

Eu e Lia cantarolamos o verso de Carry On My Wayward Son, do Kansas enquanto bebericávamos uma cerveja. Não nos víamos há um tempo e precisávamos daquele tempo de amigas onde os fatos eram colocados em dia, e naquela noite estávamos fazendo aquilo com louvor no nosso bar favorito.

― Bom, ao menos eu consegui me livrar daquela peste. ― Eu disse depois de um belo gole na minha cerveja. ― Aquele sentimento todo que ficava preso aqui ― levei a mão ao peito ― só me sufocava e me fazia mal. Eu não merecia aquilo e a viagem à trabalho só adiantou o processo.

― Amém! ― Lia elevou as mãos como se estivesse fazendo uma prece. ― Odiava te ver daquele jeito, se arrastando, bebendo e ouvindo músicas tristes por causa do Hen...

― Não diga o nome dele! ― A repreendi, pois eu não precisava ouvir o nome daquela peste. ― De qualquer forma, passou. ― Respirei fundo. ― Estou aqui no meu bar favorito, com a minha melhor amiga, ouvindo músicas legais e me deliciando com esses homens bonitos.

― Hannah, você sabe que Los Angeles nunca nos decepciona. ― Lia piscou para mim e eu acabei rindo. Ela tinha razão.

Entre uma conversa e outra, eu acabava olhando ao redor a fim de me deleitar com a visão daqueles homens bonitos que estavam no bar. Eu tinha acabado de me livrar de um sentimento antigo, mas não era cega e poderia muito bem flertar aqui e ali.

E foi então que eu o vi.

Realmente ele era totalmente diferente dos homens que costumavam chamar a minha atenção, mas o seu magnetismo imediato fez com que eu simplesmente cravasse nele o meu olhar. De repente, meu corpo parecia estar em chamas e a minha cabeça acompanhava o movimento dele pelo bar até sentar-se à uma mesa que me privilegiava com a sua visão.

Os seus cabelos tinham um tom escuro em tamanho médio, na altura do pescoço. Sua barba era cheia e bem desenhada, seu rosto harmonioso e seus olhos escuros davam à ele um ar de mistério. A sua camiseta preta revelava seus braços tatuados e os anéis em seus dedos davam um ar de brutalidade àquele homem que mesmo sem saber, exerceu enorme força sobre mim, de modo a me afetar sem pudor. Ele estava com um outro rapaz que nem fiz questão de reparar e assim que se sentaram, eu voltei à realidade e meu corpo tremeu, me acordando daquele devaneio.

― Hannah, seu rosto está corado... ― Lia me olhava de forma analítica. ― Aconteceu alguma coisa?

― Um homem de aparentemente um metro e noventa, todo tatuado aconteceu. ― Respirei fundo, buscando ar para os meus pulmões.

― O quê? ― Lia perguntou confusa.

― Ele está atrás de você. ― Eu disse tentando ser discreta enquanto meu olhar voltava para aquele homem. Meu Deus, mal me livrei de um...

― Vou ao banheiro e assim que voltar, vou reparar nesse rapaz. Deve ser um deus grego para te deixar assim.

Lia se levantou e me privilegiou com a visão total daquele homem tão lindo. Ele conversava animadamente com um rapaz ruivo e quando ele sorriu, eu quase desfaleci naquela cadeira. Que sorriso lindo!Peguei meu celular para disfarçar o quão afetada eu estava e quando levantei meu olhar, ele estava me olhando. Assim que olhei para ele, nossos olhares se encontraram, ele sorriu contidamente e voltou a sua atenção para o seu amigo.

Ele estava flertando comigo?

― Eu vi isso! ― Lia disse assim que se sentou à mesa. ― Ele flertou com você mesmo. E você está certa... Ele é muito bonito!

Beijos e TatuagensWhere stories live. Discover now