Mansão Dalgliesh, tempos atuais
Henry faz careta ao tomar o primeiro gole do segundo copo de whisky que serve para si mesmo, no escritório.
Está ali há alguns minutos tentando se acalmar depois de abandonar a discussão com os irmãos, antes de ir ter com o filho e a noiva grávida.
Pensar no olhar de reprovação que receberá de Valentina assim que atravessar a porta da sala de TV não o anima a deixar o cômodo, nenhum pouco.
Droga! Havia sido uma noite perfeita até então: encontrar todos unidos, o pedido meio patético de casamento, mas que ela fez ser perfeito, a fuga romântica pela casa... Ele estava tão leve, apesar de ligeiramente desconfiado com o tal jantar.
Perdeu para o próprio temperamento e sabia, ouviria um sermão de quem detinha toda a razão.
Tão perdido em seus pensamentos como estava, ele não notou a entrada de Nicolas até que esse parou ao seu lado, em frente a parede de vidro que dava vista para baía:
___ Posso? – ele aponta para a garrafa e Henry faz um gesto de "sinta-se à vontade", antes de desviar os olhos do olhar estudioso do irmão.
___ Chego a sentir falta de quando o maior problema era apenas pagar uma fiança por causa de uma briga de bar ou dirigir embriagado... – desabafa, fazendo gestos negativos de cabeça – Com a ficha pregressa de Darryl, essa acusação pode se tornar uma coisa séria!
___ Ele disse que não fez nada e que tem como provar!
___ É o que ele sempre diz!
___ Acho que nosso irmão pode ter sido injustiçado, nesse caso!
___ O que você sabe? – Henry se volta para o segundo mais velho.
Percebe nos traços tão parecidos com o seu, linhas de expressão que não estavam ali, antes. Bem, tem muito tempo que eles não convivem de fato, anos... Ambos estavam envelhecendo e essa era a maior verdade!
___ Me pergunto como é que você não sabe!
___ Se veio aqui só para...
___ O chefe de polícia, Frederico Bianchi, pode ter um motivo pessoal para querer se meter com Darryl!
___ Frederico é um amigo de confiança! Ele não faria uma coisa dessas!
___ Você realmente não enxerga nada além do próprio umbigo, não é mesmo irmão?
___ Nicolas, a minha cota de paciência do dia estourou!
___ Ah, claro! Não teve ninguém num raio de quilômetros que não percebeu!
Henry abandona o copo, cruza os braços e se volta para o irmão:
___ Se você sabe de alguma coisa, seria de melhor utilidade se deixasse as provocações de lado, para variar, e tentasse me ajudar!
___ Com certeza você não reparou, mas só o que faço há meses é ajudar!
Quando percebeu que o Senhor da Ilha pareceu não compreender, Nick explicou:
___ Desde que a sua noiva desapareceu e você surtou, estou aqui fazendo o que posso pela empresa e por essa família!
Henry abaixou os olhos, sabendo que não poderia contestar. Ele falhou com as obrigações de CEO e Senhor da Ilha assim que Valentina se foi, não interpretaria o que aconteceu como um "surto", mas tudo o que ele podia pensar era em rastreá-la, dizer à ela que não tinha mais motivos para fugir, que não precisava mais se sentir perseguida.
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Ilha Dalgliesh - Livro 2 - Agridoce Atração
RomanceNicolas Dalgliesh seguiu a tradição da família: o segundo filho deveria ir para as Forças Armadas. E ele foi. Fez carreira, formando-se também em direito e sendo parte de uma força tarefa internacional num país em guerra civil. Até que recebeu uma d...