Possibilidades Infinitas como a Imensidão do Mar Azul

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Lina

10 anos depois

- Ah finalmente! Longe desta instituição.

- Sim, finalmente. Mas, e agora? O que vamos fazer?

Desde a infância, quando eu tinha alguma dúvida, eu pensava nas guerreiras das minhas avós e no meu ato de bravura aos 8. Puxa... E já fazia 10 anos! Como será que aquele garoto estava? Será que conseguiu achar o caminho de volta?

Dois anos após aquele conturbado momento, minha mãe faleceu tendo contraído uma gripe terrível. Meu irmão, como eu esperava, entrava e saía da prisão juvenil. Eu quase não sabia mais dele, devia estar preso outra vez... Eu, por não ter parentes a quem recorrer, já residia numa instituição há tempo demais. Até agora! Minha maioridade havia me libertado.

- Sabe Mili. Tenho vontade de voltar para a que era minha casa. Apesar da infância difícil, tenho muita saudade do mar.

- Uh, praia! Parece romântico.

- Sim... Romântico. - Suspirei, enquanto o vento desarranjava meus cabelos ondulados, no ritmo das ondas do mar.

***

Não era verde. Nem marrom. Nem preto. Era azul. Eu estava impressionada com aquela ponta da praia, tão cristalina. Ah, e aquele cheiro... Cheiro de mar. Do meu mar azul.

Era como se fosse a minha primeira vez ali. E pensar que era o mesmo lugar de onde havia aquela velha construção abandonada... O que aconteceu com ela, afinal? Alguém derrubou ou o mar a levou? Ah, o mar... Mili tinha razão. É mais romântico pensar nele para qualquer possibilidade.

Eu estava sozinha, sentada na areia. Por enquanto, sem rumo algum. Só fixando o horizonte... Eu tinha o mundo pela frente e ele era infinito. Eu poderia ser quem eu quisesse. Fazer o que eu quisesse. E o que eu queria era ser tão brava e guerreira quanto eu sabia que podia ser... Como minhas avós foram. Quem sabe na próxima semana eu me alistaria e me preparia para compor o exército da marinha?

Logo percebi que não estava tão sozinha quanto pensei. Percebi uma figura a se aproximar, correndo pela orla. Puxa, e como ele era bonito. Usava apenas uma bermuda e tênis de corrida.

- Oi. Tira uma foto para poder ficar observando por mais tempo!

Meneei a cabeça. Ai que tonta! Fiquei estática como uma idiota. Mas, logo recobrei em mim e falei:

- Eu não estava olhando para você. Só me incomodei por aparecer alguém, me atrapalhando os pensamentos.

Ah não... Ele correu até mim, com um sorriso idiota e se sentou ao meu lado.

- Essa não é uma praia particular. Confesse. Eu atraí sua visão;

Respirei fundo. Controle-se Lina! Controle-se!

- Que custa confessar? - Ele insistiu. Não dava mais!

- Olha, eu não te conheço. Pode me deixar sozinha? Não gosto de falar com estranhos...

- Não seja por isso, sou Kalvin, mas pode me chamar de "Kal" - estendeu-me a mão, mantendo um sorriso idiota.

Não retribuí, é claro. Voltei a olhar para frente.

- Como é? Não vai dizer o seu nome? Que mal educada.

Ignorei-o e, para distrair meus ouvidos, peguei um pacote de bolachas que estava na minha bolsa, jogada no meu lado oposto. Faria o máximo de barulho possível com ele.

- O que é isso?

- Um pacote de bolachas, nunca viu?

- Vi que, além de mal educada, você tem mau gosto - falou, abaixando o semblante. - Avelã com coco? Ah, pelo menos, você voltou a falar comigo...

PERDIDA NA MEMÓRIA | Embaixador Secreto 2020Onde as histórias ganham vida. Descobre agora