piscinas

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nunca apreciei as piscinas.
não percebia qual seria o
objetivo de nadar às voltas
num espaço que eu sabia que
nunca iria mudar.

evitava-as a todo o custo. batia o
pé para ir à praia com a minha mãe
ao invés de nadar em casa com o resto
da família. detestava os dias de verão
em que tinha que ficar no buraco no
chão do quintal.

e a ironia apanhou-me a meio do caminho.
isto é, a ironia enviou-te para a minha vida.
conheci-te e de repente dei por mim a gostar
da ideia de nadar em círculos contínuos.
não me importava de ficar ofegante e de ter
que parar pelo menos 10 vezes a cada 10
minutos para conseguir apanhar o fôlego,
de tão cansativo que era nadar contigo.

contudo, a água perdeu o encanto e, quanto
mais eu queria parar, menos forças eu tinha
para sair dali. acabei por me afogar num
pequeno mar que tu criaste, e, ainda assim,
culpo-me a mim por tanto insistir em fazer
tudo aquilo de que não gosto, por ti.

Coisas que eu (nunca) disse ao meu Terapeuta. Where stories live. Discover now