Prólogo.

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Egípcio🥋
Anos atrás...

— Passa a bola Kiko! — Falei e corri na direção do gol, o Kiko passou a bola e fiz o gol de cobertura no Chaves. — PEGAAAA. — Saí correndo pelo campinho comemorando o gol.

Me sentei na beirada do campinho e Kiko e Chaves sentaram um em cada lado, os dois eram irmãos, viviam brigando, por isso o apelido.

Era nós três sempre, nós três tínhamos a mesma idade.

— Cara, vamo comprar uma merenda? Tô com fome. — Chaves passou a mão na barriga.

— Eu também tô, mas tô sem grana, só tenho pra comprar dois ovo pra mim jantar com minha mãe mais tarde. — Falei.

— Relaxa que a gente paga pra ti. — Kiko falou e a gente se levantou.

— Onde a gente vai? — Perguntei pra eles enquanto eu ajeitava a minha chuteira, ela tava toda desgastada, já tinha dois buraco enorme nos dois dedão. Tinha ganhado ela até de um dos traficante que joga aqui.

— Lá na padaria, aquela perto da pracinha. — Chaves falou.

— Quem chegar por último vai se casar com o padre. — Kiko falou e saímos correndo pela favela.

Eu tava bem atrás dos dois, parei um pouco e continuei correndo.

Cheguei por último e eles começaram a me zoar.

A gente comprou duas coxinha de frango pra cada e uma coca de 2 litros.

Nós sentou numa mesa que tinha a vista direto pra rua.

— Essa menina é muito linda. — Chaves falou olhando pra uma menina que passava com a mãe.

— Realmente. — Kiko falou com a boca cheia.

— Ela é tão linda, se eu namorasse com ela, jamais iria magoar ou machucar ela. — Falou com um sorriso de orelha a orelha.

— Vai na fé que um dia tu consegue irmão. — Bati nas costas dele e continuei comendo.

Nós terminou e pagou o moço e saímos.

— Vamo pra onde agora? — Kiko perguntou.

— Nós vai pra casa ué. — Chaves falou enquanto nós subia a escadaria.

— Eu também vou. Vou subir o ladeirão junto com vocês. — Falei e nós foi trocando papo.

— Já pensou nós daqui a um tempo andando em um daqueles carrão? Dando de um tudo pra nossas mãe? Caralho menor, vai ser firmeza. — Kiko deu uns pulinho enquanto nós andava.

— Meu maior sonho cara, papo reto mermo. — Falei e dei um sorriso.

— Nós curtindo os três juntos, nós surfando na grana, não vejo a hora disso acontecer, pra isso vou ralar pra acontecer. — Kiko falou e ficou no meio do Chaves e eu, ele passou os braços pelos nossos ombros.

— Amanhã vamo bater aquele pebol de novo né? — Perguntei e o Kiko riu.

— Já não bastou tu ver os meus golaço hoje? — Ele falou e Chaves e eu rimos.

Se separamos e vi o movimento dos cara pra lá e pra cá com fuzil.

— Ele tá se achando porque fez aquele gol meia boca. — Chaves falou e quando a gente tava dobrando a esquina uns carro de polícia passou largando bala em tudo e em todo mundo.

Eu corri pra um lado e os meninos pra outros, me escondi numa montanha de lixo que tinha na esquina.

Vi o exato momento que o Kiko foi pra se esconder numa casa e um policial atingiu ele pelas costas.

— NÃO! — Gritei e senti alguém me puxando pra um beco.

— Cala a boca menor, se não o próximo vai ser tu. — Um cara alto cheio de tatuagem com um fuzil na mão apontou pro corpo do Kiko.

E lá se foi mais um preto, pobre e favelado que só tinha 12 anos...

(...)
Anos depois...

Ela olhou pra mim com raiva e eu nem liguei, só catei minha roupa e fui me vestido.

— Tu não aprende mermo né Egípcio? Sempre é a merma fita cara, tu só vem atrás de mim pra transar e mais nada, depois saí pouco se fudendo pra tudo. Ainda fica com essas outras puta daqui cara. Sinceramente viu. — Coloquei meu fuzil nas costas e apontei o dedo pra ela.

— Tu tem que falar esses bagulho pro teu marido Elô, não pra mim. Tu tem que cobrar ele que fica com outras, quem deve fidelidade ou qualquer coisa do tipo pra tu é ele não eu, e não tem nem o que falar, eu transo com tu de graça? Não, né? Então fica na tua. — Me saí de lá e fui pra boca.

Subi na laje onde tava os cara fiz toque com eles e sentei numa cadeira.

Os cara começaram a resenhar e chapar.

Desci pra boca e vi uma morena do corpão comprar dois pino e sair.

Peguei um cigarro de maconha e subi pra laje fiquei fumando e olhando todo o morro lá de cima enquanto os cara marolava.

Olhei pra um beco próximo e vi a mesma morena tirar um caderno da mochila dela, ela segurar o caderno e fazer duas carreiras de cocaína e cheirar.

— Ela é filha de um deputado. — Chaves chegou do meu lado falando e apontando pra morena. — Sempre vem comprar coca ou maconha por aqui. — Neguei com a cabeça e olhei pra ela.

— Sabe porquê o tráfico nunca vai acabar? — Perguntei pra ele e ele negou. — Porque os próprios cara lá de dentro do Planalto e cia banca isso tudo aqui, os filhos e as vezes eles próprios.

(...)

⚠️ Avisos ⚠️

Irá conter:

• Palavras de baixo calão. •

• Violência. •

• Drogas. •

• Gatilhos. •


Notas autorais:


•É livro sobre morro/favela, então já sabem como as coisas funcionam.

•Se não gosta desse tipo de conteúdo, recomendo não ler.

●Aceito criticas construtivas, se me ofender vai ser bloqueadx.

●Plagio é crime, livro de total autoria minha.

●Preciso que vocês votem, e comentem, é importante pra saber se estão gostando.

•Então, pra deixar avisado desde já, esse livro não é sobre um casal específico ou outro, é sobre vidas e histórias diferentes.


É isso, e boa leitura meus amores.

Canção InfantilWhere stories live. Discover now