Capítulo 2 - Ponte Aérea

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Meu nome é Calíope Medina e eu gosto de colecionar coisas

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Meu nome é Calíope Medina e eu gosto de colecionar coisas. Coleciono marcadores de livros, cartões postais, chaves e ingressos de cinema. Também tenho um monte de bottons, paletas de violão, moedas de diferentes países, e muitas miniaturas de balões de ar quente — o que só tornou arrumar a mudança muito mais difícil.

Meu iPod ainda estava ligado quando pousamos no aeroporto de Curitiba às 14:45h de um sábado. Otávio estava lá, todo sorridente, quando saímos pelas portas de vidro da sala de desembarque com nossas malas. Nós já o conhecíamos de todas as vezes em que ele foi jantar lá em casa para tornar as coisas mais "oficiais". Todo mundo gostava dele, pra ser sincera. O cara era o máximo. Mas ainda era estranho vê-lo como o futuro marido da minha mãe.

Talvez seja exatamente porque ele era decente demais. Ia contra todos os padrões que eu conhecia.

Bem, mas aqui estava eu. E aqui estava Otávio. E aqui estava Curitiba.

Ele e minha mãe trocaram um selinho e Apolo fingiu que ia vomitar do meu lado. Eu empurrei sua cabeça e ele começou a rir. Hélio revirou os olhos porque não conseguia entender como ainda poderia haver felicidade nesse mundo injusto que separa almas gêmeas. Pobrezinho.

― Como é bom ver todos vocês de novo — ele disse com aquela simpatia toda. Até os olhos daquele homem sorriam, isso não podia ser possível. — As crianças estão ansiosas para o jantar de hoje. Finalmente toda a gangue estará reunida.

Eles bem que tentaram fazer isso antes, mas dois dos filhos do Otávio não puderam vir para o jantar preparado lá em casa. O menino pegou uma virose dessas horríveis e a menina tinha um compromisso qualquer. Foi um pouco estranho (ok, foi muito estranho), mas o filho mais velho do Otávio era tão político quanto o pai. Ele era o aluno preferido da minha mãe, o que também ajudava bastante, e manteve a conversa ativa na mesa do início ao fim. Ele queria ser professor de história assim como mamãe e continuaria morando no Rio pelo menos até terminar a faculdade.

Aqui vai o que eu sei sobre os outros quatro novos irmãos:

1)     As meninas se chamavam Stella e Patrícia e eram gêmeas, mas não idênticas. Fariam dezesseis anos em agosto e Otávio estava preparando uma festa daquelas. Nós conhecemos a Patrícia e ela até que era legal, apesar de muito quieta.

2)     Havia um garoto de dezessete anos, o que ficou doente, que eles chamavam de Guto e estava no último ano da escola igual aos meus irmãos.

3)     O mais novo era Leo, onze anos. Parecia um futuro astro do futebol, mas quando abria a boca se tornava uma anomalia infantil que usava palavras como "formidável".

E isso era tudo.

― Vamos andando porque ainda temos uma hora e meia pela frente até chegarmos a Assunção. Ah, eu tenho certeza de que vocês vão amar a cidade. — Otávio pegou a mala que Maia carregava e colocou Selene no colo, com uma intimidade assustadora. Minha irmãzinha de quatro anos passou o braço pelo pescoço dele e fomos todos andando para o elevador.

Sob O Mesmo TetoWhere stories live. Discover now