capítulo 15

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Negrito

Se tem uma coisa que as minas desse morro que da pra vários, sabe fazer é que querem sempre jogar a responsabilidade no peito dos mais fortes da favela.

Essa era a real.

Não sei quantas vezes ja me passaram essa visão, papo de ideia errada, ja quase matei umas três, por essa tiração.

Sai de la do samba e subi meu complexo, sentei e botei um pra fumaçar.

Só câo, só neorose - pensei alto.

Soldado: É patrão, a vida do crime ta foda!

Negrito: Te falar parceiro, cada vez que eu fujo, mais assombração me aparece, mané!

Falei negando e continuei fumando.

Depois de alguns minutps desci para o samba e continuei la com os aliados, mandei uns soldados ir atras do meu carro, e da minha chave.

Tava na neorose, não sabia onde deixei essa porra.

Soldado: Ai patrão, seu carro ta em frente o barraco da 2.

Na 2? Como na 2? Eu vim pra ca de carro, não rola.

Negrito: E tinha alguém no barraco?

Soldado: Aquela pretinha que tava com você mais cedo, vi ela dormindo lá.

Negrito: Tu entrou no quarto?

Soldado: Fui ver a casa ne, pegaram seu carro, fui ver quem tava la também pô.

Negrito: Só mandei tu saber do carro, mais nada!

Soldado: Foi mal chefe, queria te passar a ficha completa, ta ligado?

Negrito: A visão completa é o papo que eu mandar você fazer, nem mais e nem menos!

Soldado: Foi mal, não vai mais acontecer!

Negrito: Espero mermo!

Falei e peguei a chave do meu carro, bebi mais um pouco com os crias, e depois parti para o barraco.

Assim que entrei no quarto, vi a mesma sentada na cama com a cara enfiada em livros.

Negrito: Só sabe fazer isso? Porra!

Sabrina: É infelizmente, só sei fazer isso.

Negrito: Num tava dormindo?

Sabrina: Eu tava, mas achei estranho alguém entrar ficar me olhando e depois sair sem falar nada, pique referência de psicopata sabe?

Negrito: Ja resolvi essa fita.

Sabrina: Que legal! Pena que eu não ligo.

Negrito: Ta assim por causa da mina? Ela é cadin de um dessa favela e não...

Sabrina: Não temos nada pra eu ter raiva de você, tu sabe oque faz da sua vida, não te julgo e nem te apoio.

Negrito: Ih ala, deixa os outros falar primeiro, mandada.

Sabrina: Não quero saber da sua vida pessoal, não temos nada, além de sexo.

Negrito: É isso mermo po, mas sei que tu puxou assunto com ela.

Sabrina: É achei que ela precisava ir para um hospital, mas logo ela se recuperou sozinha e foi embora.

Negrito: Pra onde?

Sabrina: Ih eu sei? Ela só foi, nem conheço a menina, como vou perguntar?

Negrito: Deixei o carro na sua mão, não levou ela pra nenhum lugar?

Sabrina: Ia levar ela pra onde? Não conheço ela, ja disse! Ja estava com um carro que não era meu, imagina levar alguma louca junto?

Falou e voltou a olhar para o livro.

Negrito: Ja é, vou saber sobre essa doida depois.

Sabrina: Tanto faz, não me interessa.

Falou e balançou os ombros.

Deu um alívio, se fosse qualquer outra iria fazer um interrogatório como se fosse algo meu pra saber sobre minha vida.

Agradeço por Sabrina ser assim, só querer sexo e não fala nada da sua vida e nem eu da minha.

Isso é papo de ficante, só pau e água, mais nada!

Peguei roupa, toalha e puxei bonde para o banheiro, tomei um banho e fui deitar.

Negrito: Guarda esses bagulhos ai pô, vamo relaxar.

Sabrina: Não to tensa.

Negrito: Mas eu quero relaxar.

Sabrina: To sendo paga para fazer você relaxar?

Negrito: É só falar seu valor.

Sabrina: Não sou puta.

Negrito: Você que disse sobre ser paga.

Sabrina: Continuo não sendo puta.

Negrito: Guarda essas paradas logo!

Sabrina: Tu não manda em mim.

Negrito: Sabrina! Não me testa!

Sabrina: Tô mentindo agora?

Negrito: Última vez, guarda essas parada logo.

Falei e ela ficou me olhando com cara de deboche, respirei fundo e peguei meu celular para atender uma ligação que tinha acabado de cair.

Sabrina (M) Where stories live. Discover now