capítulo 20

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Negrito

Sai pra boca na maior pressa.

Tinha umas cargas de droga e de armamento pra chegar ainda hoje e se não chegar, mato meio mundo dessa favela, to nem vendo.

Desci do carro e ja fui pra minha sala fiquei revisando uns bagulho doido la, ate Careca aparecer.

Careca: Ai Negrito, qual que é, podemo trocar umas palavra?

Negrito: Solta a voz.

Careca: Lembra aquele dinheiro que falei pra tu que sumiu? Aquele dia olhei só uma parte, mas quando fui ver hoje, sumiu quinze mil viado.

Negrito: Antes era dois e agora quinze? Ta de tiração pra cara de vagabundo?

Careca: Pô parceiro, é que eu nao contei no dia ne, e como Sabrina tava longe achei que ela mexeu, mas a mina voltou e pa.

Negrito: Voltou pra onde?

Careca: Diz Liliane que ela ta em casa, so que cheia de trampo e com a faculdade também, botei fé porque minha mulher falou, mas nem to vendo ela pô.

Negrito: Se tua mulher diz, quem é  nós pra contrariar ne.

Careca: Então ai to desconfiado de que tem alguém entrando la em casa, quando ninguém ta ligado?

Negrito: Ai namoral? Faz o seguinte, só vem aqui com o papo certo, tu tlgd que não gosto dos bagulho na metade.

Falei puto e ele concordou.

Negrito: Ve tudo certo, conversa com os vizinhos, os fofoqueiro que na sua rua tem um monte, alguém viu alguma coisa pô.

Falei e ele ficou me olhando.

Negrito:Ai tu chega aqui e me passa a visão completa pô, tu é meu cria, vou meter bala em quem tiver de caôzada contigo, mané.

Careca: Firmão ai chefe, valeu mermo pela ajuda, vou averiguar e te passo os bagulhos.

Falou fazendo um toque comigo e saindo da minha sala, bolei um verde e marolei sozinho mermo.

.....

Sabrina

Estava tão entediante meu dia que acabei saindo e com os últimos quinze reais da minha conta, fui tomar um açaizinho, porque ninguém é de ferro.

Eu estava me sentindo muito sozinha e presa naquele barraco, não tinha nada pra fazer la.

Então resolvi dar uma volta, não estava 100% bem, mas ja era um bom começo sair.

Subi o morro e achei um bar com uma sorveteria perto da quadra, entrei e fui fazer meu pedido.

Fiquei conversando com uma das atendentes e vi que só pelo oque ela falava o movimento era grande.

Atendente: Você ja trabalhou com cliente? É chato ne?

Sabrina: É demais, trabalhava la no asfalto ainda, o povo se sentia a última bolacha do pacote.

Atendente: Nem me fale menina, ai os caras que vem aqui, acha que a gente tem a obrigação de fazer tudo correndo e na hora que eles pedem

Sabrina: Ai mulher, ai você só ignora, eu aprendi muito disso quando trabalhava com cliente.

Atendente: Eles são insistentes, nao adianta.

Sabrina: Então seja debochada e grossa, um desses dois tem que adiantar!

Atendente: Quer trabalhar aqui comigo nao? Seria o máximo!

Sabrina: Se vocês estiverem contratando, eu quero!

Atendente: Me passa seu número agora, que vou mandar meu pai te contratar.

Sabrina: Teu pai?

Atendente: O dono disso aqui menina, sou filha do dono, por isso trabalho aqui, se não estaria era em casa!

Sabrina: Ai Deus, você é demais!

Falei rindo junto com ela.

Acabei passando meu número e fiquei la tomando meu açaí e conversando com ela sobre tudo de la.

Se caso eu fosse contratada, trabalharia de quinta á domingo, e receberia por horas que eu ficaria no bar.

Diz ela que esses são os dias que mais enchem, sem contar quando tem jogo do flamengo e todos os traficantes vem assistir aqui.

Pensei em desistir, porque parecia maior treta.

Traficante, folgado, pensando que manda em mulher que serve ele, imagina minha mão na cara dele e depois meu corpo estirado no meio da favela?

Sai fora!

Mas ai eu preciso de dinheiro ne?

Então ia segurar minha raiva e iria trabalhar como uma linda moça de Deus que precisa de dinheiro.

Porque eu realmente preciso.

Sabrina (M) Onde as histórias ganham vida. Descobre agora