Capítulo 2: Armário Número 3

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— Credo, Jauregui, esse Oreo xingou a sua mãe? — Só percebo que estou esmagando um pacote de biscoitos entre os dedos quando Veronica Iglesias me encara de testa franzida. — Ah, entendi tudo. — Ela segue o meu olhar e encontra o motivo da minha raiva. — É hoje que essa puta vai apanhar!

Nós estávamos sentadas no gramado em frente ao grande e antigo prédio de Earwood High School quando Holly Chapman resolveu aparecer, seguida do idiota do Marcus e seu bando de novos amigos estúpidos, acabando com toda a minha paz espiritual. Quando as aulas voltaram, eu soube que seria difícil lidar com a presença dela no colégio. Só não imaginava o quanto.

Holly e eu nos conhecemos na minha primeira semana aqui, afinal, tínhamos coisas em comum; ela era bolsista, eu também; ela era de outra cidade, Miami Beach, e eu também, Winston City.
A gente se juntava para zombar dos outros alunos pomposos e cheios da grana; do jeito como eles curvavam os lábios em biquinhos para falarem termos em francês que existiam em inglês, mas eles falavam em francês para mostrarem que sabiam, ou da maneira que eles caminhavam e amarravam as mangas dos moletons no pescoço e os transformavam em capas.

De repente, éramos muito próximas e bem amigas. Isso até eu decidir que deveria beijá-la e namorar com ela. Spoiler: péssima ideia!

Holly queria mais. Ela sempre quis mais. Não demorou muito para as minhas piadas sobre os engomadinhos perderam a graça, e as minhas críticas a Grand Water começarem a serem respondidas com "não seja rude" ou "aqui nem é tão ruim". Minha ex-namorada passou a fazer amizades com o pessoal da cidade e, em um piscar de olhos, eu fui colocada de escanteio na sua vida, porque não combinava mais com a sua nova versão.

— Fica aí, Vero. — Puxo o seu braço para baixo, obrigando-a a se sentar de novo. — Eu não ligo mais para essa garota.

No final das contas, Holly queria popularidade, queria se sentir parte de Earwood. Isso não incluía namorar com outra "pobretona" e, sim, com algum jogador, como o Marcus. Ela só não precisava ter me traído na frente de todo mundo em um luau logo no início do verão.

— A gente deveria ter colocado fogo na moto desse cara quando tivemos a chance!

Normani também estava os encarando.

— E ter colocado fogo no carro dela também!

Iglesias continuou as ameaças.

— E depois nela...

Hailee deu de ombros.

— Gente, é sério, eu não estou nem aí. Do que vocês estavam falando mesmo?

Digo, quem sabe, eu tenha chorado embaixo dos lençóis ao som de "All By Myself" uma vez ou outra; música que tive que fazer download na internet porque os comerciais do Spotify cortavam a vibe de tristeza. Mas ninguém precisava saber disso. Gosto de manter a pose de quem não liga para essas coisas. Holly e é passado e isso é tudo.

— Da Camila! A Cooper disse que...

Urgh. Camila isso, Camila aquilo. Não entendo a obsessão desse colégio por essa garota. Ela nem deu as caras ainda e só falam nela!

Novamente, não quis me meter no assunto "Cabello". Elas estavam apenas comentando sobre a expectativa geral para revê-la depois de uns seis anos sem nenhum contato. Como nunca a vi, não tinha expectativa nenhuma. Mas tinha a certeza de que ela não era tudo isso o que pintavam.

— Acho que o meu avô faria um tempo melhor do que esse, Jauregui! — A treinadora da equipe de atletismo, Sra. Burnett, fez questão de apitar bem no meu ouvido. — E ele não tinha nem cinquenta por cento do pulmão!

Golden State. (Camren)Where stories live. Discover now