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Oliver Müller

— Ela provavelmente só está pensando sobre tudo, Oliver. Você tem que ter paciência. — Louis diz pra mim, com seu tom calmo e pacífico.

Estamos sentados embaixo de uma árvore aqui na escola, jaja teremos que entrar pois as provas começam hoje.

O assunto de nossa conversa é Audrey. Ela anda estranha comigo desde sábado, não sei, parece que sempre que nos encontramos ela fica pensativa sobre algo. Eu estou bem, bem nervoso quanto a isso. Estou com medo dela me rejeitar. Tudo por causa daquele maldito post daquela página desgraçada.
Não foi só eu que pediu pra apagar, Molly - que também foi citada naquele post - foi certeira em acionar a justiça, pois não é a primeira vez que o nome dela aparece em alguma postagem dessa conta, e ela nem é da nossa escola.

Audrey está insegura por causa daquilo, mexeu com ela. E eu estou cada vez mais preocupado, não sei como resolver isso. Já tem pessoas que ficam encarando a gente pelos corredores, ou até do lado de fora da escola. É mais desconfortável pra ela do que pra mim, pois a vítima é ela. O problema é que as pessoas amam supor, amam achar quando na verdade não sabem de porra nenhuma. Sempre foi assim. Aquela página sempre fez questão de postar toda vez que eu ficava com alguém, mas eu achava tudo bem porque as meninas a qual eu pegava também estavam tranquilas quanto a isso, afinal, não tinha sentimentos e nem nada do tipo envolvido. Mas com Thompson é diferente. Eu gosto dela. Eu sou apaixonado por ela. E odeio ver as pessoas deixando-a desconfortável com coisas em relação a mim. Eu nunca usaria ela como tapa buraco e ela cogitar essa ideia me deixa angustiado. Eu queria guardar ela num potinho pra ninguém mais poder tocá-la. Ela não está acostumada com essa coisa toda dessa escola. Eu sempre surfei na fama dentro e fora da escola, e também já peguei metade da cidade, mas, esse verbo está no passado. Depois de conhecer essa pessoinha eu nunca mais consegui olhar pra nenhuma outra.

— O sinal bateu, Oli, vamos que agora a gente vai ter que fazer as provas. — Ele bate no meu ombro e eu volto pra terra.

Levanto e sigo ele até dentro da escola.

Primeira prova será de Filosofia, depois de matemática, antes do intervalo vai ter a de Ciências. Depois do intervalo vai ter duas, uma de história e a outra de artes.

Entro junto com os outros pra sala e me sento no fundo, como de costume.

O professor começa a explicar como vai acontecer e tal.

Logo ele entrega a primeira prova e eu já começo respondendo as mais fáceis.
Mesmo a minha cabeça estando a mil, não posso deixar de fazer essa prova, nem essa e nem as outras. Já brinquei muito com a escola. Preciso me concentrar, dar tudo de mim nesses estudos, ano que vem será meu último, não posso falhar.
Mas é muito difícil conseguir estudar e focar só nisso quando tudo ao meu redor implora por minha atenção. Além dessas provas tem o futebol e o basquete, tem também a decisão mais importante da minha vida: qual faculdade eu vou cursar e aonde. E o assunto principal, Audrey Thompson. É ela quem está na minha cabeça vinte e cinco horas por dia, eu simplesmente não consigo parar de pensar nela, e também nem quero. É reconfortante tê-la na minha cabeça, mas ao mesmo tempo é um pesadelo. Coisas que só ela me fez e faz sentir.

Respiro fundo e forço minha mão na caneta e a caneta na folha, marcando tudo com mais pressa como se eu fosse morrer se não terminasse isso exatamente AGORA. Não sei se é só comigo que acontece isso, só sei que é desesperador.

Thompson Where stories live. Discover now