Capítulo quatro - uma decisão

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Blair Finnegan

A maioria das pessoas descrevem a família como um laço de sangue, o que teoricamente era uma verdade, laços de sangue determinavam seu DNA que circulavam suas veias, mas estava longe de definir o que era uma família.

Para mim, família significava ligações afetivas, como a minha e de Matt, éramos amigos desde que eu tinha seis anos e ele oito. Crescemos juntos, aprendemos várias coisas juntos e provavelmente permaneceremos juntos até o fim dos tempos, talvez não tenhamos nascido na mesma família, mas a vida se encarregou de nos tornar irmãos.

Nosso abraço durou longos segundos, meu nariz afundado em sua camiseta, Matthew passando as mãos pelos meus cabelos, esse abraço significava muito mais que isso, tínhamos vários tipos de abraço e esse falava:

— Estou chateada.

E ele respondia:

— Vai ficar tudo bem.

Matthew era a única pessoa no mundo para qual não precisava me explicar, de alguma forma sobrenatural sempre sabíamos como o outro se sentia, mesmo sem palavras.

— Quer falar sobre isso? — ele perguntou, se afastando do abraço, segurando meus braços para encarar meus olhos. Balancei a cabeça negando. Matthew sempre perguntava a mesma coisa e minha resposta ainda continuava a mesma.

— Deixa pra lá. — era assim que estava acostumada a reagir a essa situação com meus avós, tentava ignorar, fingir que eles agiam desse modo por alguma razão, que talvez tivesse alguma coisa errada comigo e não com eles.

Matthew abaixou-se para pegar as duas caixas de pizza que largou no chão, o ajudei pegando sua mochila.

— Onde coloco? — perguntei andando ao seu lado até a cozinha. Matthew apontou para a última porta no final do corredor ao lado do quarto de Hunter. Acenei com a cabeça.

— Pode deixar na cadeira ao lado da porta — Matthew gritou da cozinha no momento em que atravessei o corredor pegando na maçaneta para abrir a porta.

Não foi precisei acender a luz ao entrar, pois a claridade da rua iluminava o cômodo, o quarto era bem diferente do de Hunter, Matt tinha pôsteres de times de beisebol, alguns equipamentos autografados, além daqueles do corredor, algumas roupas sujas amontoadas no canto, era a cara do meu amigo, ele nunca foi do tipo organizado.

Bati a porta do quarto ao sair. A luz do banheiro estava acesa, Hunter deveria estar terminando o banho.

Voltei para a cozinha, Matthew tinha tirado a camisa, ela estava jogada no encosto de uma das cadeiras da mesa de jantar.

— Por que tirou a camisa? — perguntei enquanto ele procurava alguma coisa no armário acima da pia.

— Está com cheiro de óleo, deve ter respingado na hora que troquei o óleo do último carro, já estava pronto para vir para casa, quando me chamaram para ajudar. — eu ainda não tinha entendido essa parte, eu nem sabia no que ele estava trabalhando, não nos falamos tanto nesses últimos meses, não queria ter que contar sobre Scotty, era recente e com certeza Matt teria ligado os fatos. Nos falamos por mensagens nas férias, mas ele nunca mencionou seu trabalho novo.

— No que você está trabalhando, Matt? — questionei. Matthew retirou três pratos do armário entregando-os para mim, ele gesticulou para a mesa de jantar já arrumada com um jogo de toalhas de mesa, peguei os pratos arrumando sobre elas.

— Em uma oficina — ele respondeu se encarregando de pegar os talheres na gaveta. — Você conhece meu pai, ele sempre prezou pelo trabalho, para que nenhum de seus dois filhos confiassem apenas na herança que ele vai deixar, mas também conseguir se virar sozinhos se precisarem.

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