Princesa de Nárnia - Príncipe Caspian

De volta a Narnia

     Susana encontrava-se em uma das muitas bancas, de jornal, presentes em Londres na intenção de fazer com que o tempo passasse mais rápido o tempo, quando um garoto de sua idade se aproximou.

       - Estuda em St Finbar's? - perguntou um dos nerds, apaixonados por Susana.

       - Estudo. - ela respondeu quase sem tirar o foco do jornal que estava lendo.

       - Estudo em Hendon House, do outro lado da rua. - ele comentou, mas Susana nem o olhou. - Eu já vi você, sentada sozinha.

       - É que prefiro ficar sozinha. - respondeu Susana, com indiferença.

       - Eu também. - respondeu ele e Susana o olhou com cara de poucos amigos.

       - Como se chama? - perguntou ele.

       - Phillis. - mentiu Susana.

       - Susana!  — gritou Lúcia acabando com a mentira de Susana. - É melhor vire

correndo!

       Susana largou o jornal e saiu correndo atrás de Lúcia, na direção da estação de metrô. Algo que já se tornava cotidiano, Pedro novamente arrumando confusão com outros alunos, o Pevensie não parecia nem perto de se adaptar a Londres.

        Pedro claramente perdia a briga, então Edmundo passou pelas irmãs correndo para ajudar o irmão.

        -Edmundo! — gritou Lúcia e tentou segurar o irmão, mas não conseguiu.

       Não demorou para os guardas chegarem e apartarem a briga, fazendo cada um ir  para seu canto. Os quatro irmãos sentaram-se em um banco, Pedro estava com cara de poucos amigos e olhava fixamente para a parede.

        - Nem agradece.- disse Edmundo após todos se sentarem.

       - Eu estava ganhando. - respondeu Pedro e se levantou.

       - O que foi dessa vez? — perguntou Susana, já sem paciência.

       - Um encontrão. - respondeu o loiro.

       - E você bateu neles? - perguntou Lúcia.

        -Não, depois do encontrão me mandaram pedir desculpas, então bati neles. - respondeu.

         -Sério? É tão difícil só se afastar? - perguntou Susana.

         - Não ia me desculpar. Não se cansa de ser tratada feito criança? - perguntou Pedro.

          - Mas somos crianças. - disse Edmundo sério.

          -Eu nem sempre fui, já faz um ano. Quanto tempo ele quer que a gente espere? - perguntou Pedro e sentou-se novamente.

          - Acho que está na hora de aceitarmos que vivemos aqui, não adianta fingir que é diferente. - Susana falou friamente. - Nárnia tem Clarissa ainda, ela pode muito bem governar sozinha.

          A expressão de Pedro escureceu com a fala de Susana, que logo se arrependeu ao tocar no nome da rainha. Era difícil entrar em uma conversa sobre Nárnia e citar o nome de Clarissa afetava demais Pedro, de todos ele era o que mais sentia falta dela, afinal eram extremamente próximos.

           Todos ficaram em silêncio, os três mais novos apenas observavam o loiro com a cabeça abaixada, a garota mais velha se sentiu culpada, sabia do quanto Pedro se arrependia de ter deixado Nárnia e principalmente o desânimo que ele sentia com a possibilidade de nunca mais ver Clarissa

           - Ai não, finjam que estão falando comigo. - disse Susana, ao avistar o garoto que a importunava vindo em sua direção.

        - Estamos falando com você. - respondeu Edmundo

        - Ai! - exclamou Lúcia e se levantou.

        - Quieta Lúcia. - disse Susana. - Ei, para de me empurrar! 

        -Eu nem toquei em você. - disse Edmundo, se levantando. 

        Então o metrô ficou descontrolado e um vento forte saiu do nada. Todos ficaram de pé vendo aquilo.

        - Vocês querem parar? O que foi isso? - perguntou Susana.

        - Tem cheiro de magia! - disse Lúcia.

        -Rápido, todos deem as mãos. - instruiu Pedro

        - Eu não seguro a sua mão. - disse Ed para o loiro.

        -Segura logo. - ordenou ele.

        Tudo ao redor dos quatro começou a desmoronar, ou talvez desaparecer. Em pouco tempo a estação de metrô transformou-se em uma praia.

        Todos se olharam animados e saíram correndo pela areia, no caminho retirando as partes desnecessárias de seus uniformes, incluindo os sapatos. Foi Lúcia a primeira a notar uma quinta presença a poucos metros de distância, os longos cabelos da cor do cobre entregavam a identidade da garota.

        - Clarissa!! - Lúcia exclamou e correu até a rainha, que mal teve tempo de se virar antes da garotinha a abraçar.

        A rainha retribuiu o abraço e logo Edmundo foi abraçá-la também, este que também foi retribuído. Quando finalmente foi solta pelos dos mais novos cumprimentou Susana e Pedro fez menção a se aproximar, mas o olhar sério  que ela lhe lançou fez com que recuace. 

        -Bem vindos de volta! - ela disse com um pequeno sorriso aos dois mais novos.

        -Sabia que íamos voltar um dia!! - disse Lúcia animada. - O que aconteceu no último ano? Como andam os nossos amigos? Por que você parece mais nova que da última vez que nos vimos 

        Lúcia encheu Clarissa de perguntas, está que lançou aos outros três irmãos um olhar pesaroso. Edmundo foi o primeiro a notar que algo estava muito errado.

        - Eu não sei… - revelou a acobreada. - Aslam veio ao meu encontro na noite do mesmo dia em que partiram e me levou com ele.

        - Então não esteve em Nárnia desde que fomos embora? - Edmundo perguntou  sem entender, o último ano inteiro eles haviam suposto que Clarissa continuava a cuidar de Nárnia.

        - Não, meu pai me pôs sobre um encantamento para que eu só acordasse quando vocês voltassem a Nárnia… - explicou ela, olhando para o mar. - ...ele sentiu que algo ruim poderia acontecer…

        - A quanto tempo isso aconteceu? - Pedro falou pela primeira vez.

        - Eu não sei… - ela desviou o olhar para as montanhas, onde haviam ruínas de uma enorme construção. - ...Mas algo me diz que faz muito tempo!