Jade Cardoso, vulgo patroa, é a dona de alguns morros do Rio de Janeiro; Morro do Vidigal, Rocinha e Complexo do Chapadão. Inicialmente era apenas o complexo do Chapadão, mas Jade acabou conquistando os outros dois. Ela herdou o complexo do Chapadão...
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Fiquei o dia inteiro na Boca resolvendo algumas coisas com alguns dos meus aliados. Quando já havia anoitecido, decido ir para casa. No momento em que eu estava saindo da biqueira, acabo esbarrando em Filipe.
-Eai, patroa.
-Eai, Ret- o cumprimento sorrindo.
-Vai fazer alguma coisa agora?
-Nada demais, só tava indo pra casa.
-'Tendi- ele me abraça. -Vai com Deus, gatinha.
-Obrigada, meu amor- beijo sua bochecha.
Nos despedimos e fui para minha casa. Assim que cheguei, tomei um banho, coloquei um pijama confortável e fui preparar meu jantar. Quando eu estava terminando, ouço alguém gritar o meu nome. Abro a porta e vejo meu irmão, Lucas.
-Que que tu quer?- pergunto,me apoiando no batente da porta.
-A mãe ainda não chegou e eu tô morto de fome. Então vim comer aqui.
-E quem disse que eu tem comida aqui?
-Sempre que tu chega mais cedo da Boca, tu já faz o jantar.
-Entra logo, Lucas- digo e viro de costas, voltando para a cozinha, para terminar de preparar o meu jantar.
Lucas me acompanha até a cozinha e se senta na bancada. Ele fica me encarando, enquanto eu cortava alguns tomates, para fazer uma salada.
-Soube que veio pra sua casa com o Daddy no dia do baile.
Naquele momento eu acabei engasgando com a minha própria saliva. Por mais que eu tivesse a plena noção de que alguém, provavelmente, havia visto eu e o Alexsandro saindo do baile, eu não queria que aquilo tivesse chegado nos ouvidos do meu irmão. Mesmo que eu seja a mais velha, desde a morte do nosso pai, o Lucas acabou virando o "homem" da família, então ele tem o grande instinto de nos proteger a todo instante.
-Lucas, parô, tá?- digo, largando a faca na tábua de corte. -Eu já tenho 25 anos. Sei MUITO bem o que devo ou não fazer.
-Eu só não quero que você se machuque...
-Eu sei. Mas me impedir de viver, não vai resolver nada.
Lucas abaixa a cabeça e fica encarando o mármore da bancada. Quando vejo ele passar as mãos pelo rosto, saio de onde eu estava e vou para perto dele, o abraçando.
