Capítulo 3 - Posse Repassada.

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Ethan narrando:

- Sr. Siren, já faz exatamente um mês que seu irmão, Aaron faleceu. O orfanato Gold Mission está sendo inteiramente administrado por uma simples diretora, incluindo os gastos dos órfãos. O senhor deve assumir logo. - Rolf, meu assistente de operações aconselha novamente. Confesso está enrolando para assinar esse acordo de repasse, não por incompetência ou preguiça de gerenciar mais uma estrutura, mas sim pela lembrança que ainda me persegue.

- O senhor não terá dor de cabeça e nem precisará ir até lá, só precisará manter o estoque de alimentos dos órfãos, disponibilizar medicamentos e manter os poucos funcionários que possui. - Rolf acrescenta.

- Tem razão. - Afirmo. Assim como toda minha obrigação com o povo Europeu, também cumprirei de longe, não vou precisar pisar naquele buraco de carência.

- Incluindo a parte que será muito bem visto, mais do que já é, se optar por assinar a posse. Será mais um dos gesto de caridades que o senhor faz, e o seu irmão, ficaria imensamente feliz por isso. - Prossegue.

Ouvir o nome de Aaron duas vezes seguidas é doloroso, mas engulo em seco e mantenho minha compostura, como sempre faço em momentos tão sentimentais.

Estávamos sentados ao redor da longa mesa da minha sala profissional, apenas eu e Rolf. Mesmo que estivesse sozinho, jamais me permitiria gastar meus neurônios com uma falta que jamais poderá ser desfeita.

- Na verdade senhor... Desculpe pelo engano, precisará se fazer presente hoje apenas, para se apresentar, depois nunca mais. - Rolf menciona mais um detalhe, retomando ao assunto do orfanato.

Ela não deve está lá. Já deve ter sido adotada. Apesar que, tem tantas crianças iguais, que eu nem vou diferenciá-la.
Tanto faz.
Aquela garota louca deve ter retornado à Irlanda com a criança, por isso nunca mais me procurou.

Visualizo a caneta de aço com detalhes de ouro e novamente passo os olhos no acordo. Sem pensar mais, eu assino.

Ouço três batidas na porta e Rolf aguarda minha autorização.
- Entre. - Solto em alto e bom som.

Amélia, uma das minhas governantas aparece no meu campo de visão e coloca seus braços para trás. - Peço desculpas por interromper sua reunião, senhor Siren. Mas a marquesa te solicita em seu quarto. - Diz.

Levo meus olhos à Rolf e gargalho sarcasticamente. - Ela me solicita? - Questiono ironicamente.

- Sim, senhor Siren. - Amélia responde com a voz trêmula.

Rosno.
- Iremos para o orfanato após o almoço, tudo bem Sr. Siren? - Rolf finaliza a reunião.

Silenciosamente afirmo com a cabeça e me levanto da cadeira esticando meu terno.

Os guardas abrem a porta para que eu saia e enquanto isso as serviçais que aguardavam a reunião acabar, entram na sala e recolhem as taças e o vinho da mesa.
Caminho em passos firmes até o meu quarto, saio do terceiro andar e por fim chego ao segundo usando o elevador.

Encontro-a em um roupão cor de creme, com seus cabelos dourados preso em um coque, enquanto ela massageia sua pele enfrente ao espelho.
- O que de tão importante fez com que minha querida esposa me solicitasse pessoalmente durante uma reunião? - Pergunto sarcasticamente.

Jasmine se vira para mim e me visualiza com deboche. - Meu querido marido, achei crucial te lembrar que somos uma equipe e que eu tenho o seu sobrenome há seis anos. - Diz pausadamente e em voz alta.
- Não seja tolo ao ponto de aceitar aquele orfanato, nós só podemos reivindicar uma empresa por ano. - Finaliza.

- E porque você acha sua opinião é tão importante? - Questiono com ironia.

- Há uma opção melhor do que reivindicar um orfanato carente, como por exemplo comprar a empresa do meu tio. - Retruca e ganha de mim uma gargalhada maligna.
Agora faz todo sentido!

Um DescasoOnde histórias criam vida. Descubra agora