Capítulo 12 - Siren sendo Siren.

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Aurora narrando:

Expliquei tudo sem mencionar o nome do pai de Mavie, apenas que ele se recusou a assumir a paternidade. Também omiti o fato de que foi ele quem me indicou o orfanato Gold Mission quando eu estava grávida de oito meses, para não deixar nada muito evidente. Decidi que não quero que mais ninguém saiba do meu envolvimento com Ethan no passado, além de Mia, Abigail... e talvez Hannah, que já está desconfiando, embora ela nem imagine que há uma menininha de seis anos envolvida nessa história.

Depois da reunião com a equipe, recebo a ótima notícia de que a causa seria ganha sem sombra de dúvidas. Entregam-me por escrito as informações sobre a data, horário e local do tribunal.

Deporei depois de amanhã, às 8h da manhã, nesse endereço detalhado que eles forneceram. Não vou esquecer. Agradeço e me despeço amigavelmente.

Como perdi o encontro com Mavie ontem à noite, vou às pressas para o orfanato e recebo minha filha nos braços, enchendo-a de beijinhos e cócegas.

Retiro meu sobretudo cheio de faíscas de gelo e me acomodo na beira da cama de Mavie. Ela me olha com seus olhos brilhantes de expectativa e cruza suas perninhas.
- Aurora, você tem uma casa nova?! - Exclama animada.

- A princípio, como estão as aulas? - Pergunto, mudando de assunto.
- Você faltou três dias porque estava doente, mas já retornou, mocinha?

- Já sim. - Mavie responde.
Quero que ela tenha um futuro diferente do meu, que possa estudar sem se preocupar com outras coisas, que aproveite sua juventude de forma segura.

- Semana que vem tenho provas de todas as matérias... Estou muito nervosa. - Acrescenta com humor.

- Você está estudando aqui, meu bem? Deve repor as matérias perdidas. - Aconselho, preocupada.

- A Marie me emprestou o caderno, vou estudar, eu prometo. - Responde, e eu sorrio.
- Achei que não viria de novo, Aurora. - Diz, mudando de assunto e fazendo bico enquanto cruza os braços.

- Sempre estarei por perto. - Respondo, erguendo os braços para ela. Mesmo exausta, coloco-a em meu colo. Ela está tão quentinha e macia. Acaricio seus cabelos soltos e sinto os movimentos de sua respiração contra meu peito.

- O que você acha... - Foco em seus olhos. Mavie aguarda ansiosamente e eu completo: - De morar comigo?

Ela abre a boca, expondo um sorriso enorme, e se segura para não gritar de alegria.

- Eu estou em uma casa nova, mas ela não é minha. - Explico, respondendo à sua pergunta inicial.
- Trabalho e pago por ela todos os meses. - Acrescento, esclarecendo como funciona o aluguel.
- Mas posso te levar comigo.

- Eu seria tipo... a sua filha, tia Aurora? - Pergunta entusiasmada, com os olhos brilhando de expectativa.

Meu coração aperta. Eu não consigo confirmar isso em voz alta, pois ela é a minha filha biológica, não apenas uma interpretação. Quero contar a verdade agora, mas ela ainda é um bebê aos meus olhos. Preciso escolher o momento certo... e as palavras certas também.

Eu balanço a cabeça afirmativamente e sinto novamente seu abraço forte, desta vez cheio de energia guardada e emoção.
Ela se afasta um pouco e começa a acariciar meus cabelos, repousada em meu colo:
- Sabe, tia Aurora... Eu sempre achei que você fosse a minha mãe.

Meus olhos se enchem de lágrimas, ameaçando transbordar contra a minha vontade, com impulso forte da dor que meu peito carrega todos os dias.
Sorrio e pergunto: - E não seria legal, meu raio de sol?

- Seria incrível. - Responde ela.
- Você é tão parecida comigo. - Acrescenta, ainda acariciando meus cabelos. Eu observo seu rosto de perto, admirando cada detalhe. Seus olhos cinzas brilham e eu me contenho para não revelar a verdade.

Um DescasoWhere stories live. Discover now