6 - barganha

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Por mais que Yasmin tentasse, ela não conseguia se livrar dos pensamentos sobre suas filhas e ela precisava, sabia que tinha que se concentrar na empresa, estava atolada de reuniões e a notícia do seu divórcio não estava agradando os investidores. Quando eles iam aprender que qualquer imprensa era uma boa imprensa?

Pelo menos as crianças pareciam estar confortáveis com a nova babá, foram apenas três dias desde que se conheceram e Luna tinha reclamado apenas uma vez por dia, em seus olhos, isso era uma vitória.

Yasmin já estava no final da sua paciência com sua filha mais velha, ela entendia que a pequena estava tendo dificuldade em aceitar a situação atual, aceitar a presença de Yasmin constante em casa - coisa que tinha deixado de fazer enquanto morava com Bruna - mas ela estava tentando e todas as três tinham passados por traumas, por Deus, Yasmin ainda tinha um ataque de pânico por semana, como ela poderia lidar com Luna?

Tinha tentado a ideia de Beatriz, afinal, a mulher era madrinha de Luna e Yasmin sabia que as vezes elas conversavam, ignorou seus instintos e tinha deixado a sua filha sentir raiva, dela ou de Bruna ela não sabia mas tinha aceitado a sua punição mas Yasmin não podia ficar calada ao ver sua mais velha maltratando sua filha mais nova, isso não podia existir.

Se ela tivesse que ser firme e fria para lidar com Luna ela o faria mas não aceitaria esse tipo de comportamento.

Talvez Rodrigo estivesse certo, apesar dele não ser tão próximo como as mulheres, ele ainda era seu amigo e apesar de ser amigo da Bruna, Yasmin confiava em seu julgamento. Talvez fosse hora de Luna ir pra terapia, que mal poderia fazer?

Ela mesma frequentava...

Quando recebeu a mensagem da babá das meninas foi como um sinal, sim, falaria com Luna e não demorou muito para que ela ligasse, não tinha conseguido nem terminar um relatório quando viu a nome da filha em seu celular, às vezes se perguntava se deixar Luna ter um celular na idade dela foi uma boa ideia mas em momentos como esse ficava feliz em ter uma comunicação direta com a menina.

"Luna" Ela atendeu terminando de fechar as guias abertas no computador, essa conversa tinha que ter toda sua atenção.

"O que você quer?" Ela ouviu a sua voz irritada e Yasmin segurou sua língua, sua vontade era brigar com Luna e dizer que não podia falar assim com sua mãe mas sabia que a pequena não a escutaria.

"Luna, quero fazer um acordo com você" Yasmin tinha que ser esperta, podia obrigar Luna ir pra terapia, sabia que podia, mas nenhum progresso seria feito e ela falava isso por experiência...

Quando sua mãe a obrigou a frequentar um psicólogo isso só a fez odiar mais. "Eu queria que você começasse sua terapia, lembra, já conversamos sobre isso?"

Há alguns meses Yasmin tinha levantado o assunto com as filhas tentando ver se elas estavam interessadas... Não teve sucesso.

"E se eu não quiser ir?" A criança desafiou e Yasmin suspirou "Você não pode me obrigar" Ah, mas ela podia...

Talvez ela devesse ter deixado para conversar sobre isso quando chegasse em casa, talvez tenha se precipitado, Deus, Yasmin não sabia lidar com essa situação.

"É por isso que eu disse acordo" Yasmin disse entredentes "O que você quer em troca?"

Luna ficou em silêncio por alguns minutos, já era uma vitória, ela estava considerando.

"Uma sessão por semana, você me leva, você me busca e depois eu quero ir tomar sorvete" Ela disse rapidamente "E um videogame novo também" Acrescentou séria.

"Duas sessões por semana, eu te levo e busco pessoalmente e vamos tomar sorvete" Yasmin nunca aceitaria um acordo sem barganhar.

"E o videogame?" Ela ouviu Luna perguntar seria.

"Fica pra próxima" Yasmin também estava séria

"É pegar ou largar, filha"

"Uma sessão?" Luna suspirou, sabia que não podia insistir no videogame.

"Fechado" Yasmin sorriu sem perceber "Obrigada Luna" Agradecer e tratá-la como adulto, foi um dos conselhos que sua própria terapeuta lhe deu.

Pareceu funcionar.

Assim que desligou ela mandou mensagem para Wanessa pedindo o número da Doutora Anny, amiga da mulher e uma psicóloga infantil que fez uma sessão com Luna há anos atrás quando... Bom, melhor não pensar sobre isso.

Rapidamente conseguiu seu número e marcou a primeira sessão de avaliação para amanhã, pela primeira vez em muito tempo Yasmin sentiu que poderia ajudar Luna de forma significativa.

Depois de tudo pronto, Yasmin continuou com seu dia, inúmeras reuniões ocupando sua mente.

"Senhora Brunet" Jéssica disse assim que saíram da sala de investidores, Yasmin estava tentando fechar um contrato importantíssimo com uma empresa de tecnologia russa e precisava do apoio deles, isso a estava deixando estressada...
Isso e tudo mais. "Chegaram as amostras para o aniversário da Lívia, a senhora vai escolher pessoalmente ou devo mandá-las para a sua casa?" Ela continuou perguntando quando Yasmin assentiu mas ao ouvir o que era a loira parou no meio do corredor.

Tinha esquecido completamente que o aniversário da Liv era em dois dias, Deus, como podia ter esquecido disso? Na verdade ela sabia como...

"Mande para minha casa" Ela disse voltando a andar e puxando seu celular, iria mandar uma mensagem para a babá das crianças e esperar que ela fosse o mínimo competente para organizar uma festa na piscina, com dinheiro tudo ficava rápido e fácil.

Assim que a morena respondeu que poderia arrumar a festa ela suspirou aliviada, sabia que podia exigir que ela o fizesse mas tudo era mais fácil quando a pessoa concordava com sua tarefa, exatamente como Luna tinha feito.

Mandou algumas outras mensagens de confirmação, alguns convites de última hora antes que esquecesse da festa novamente e disse para ela escolher um tema, a última vez que checou Liv gostava de Frozen, dizia que ela era Anna e Luna era Elsa...

Mas isso tinha tempo, Yasmin não iria saber o que elas gostavam hoje em dia.

Ela parou para esperar o elevador, Jessica ao seu lado mergulhada em sua agenda, seu celular na mão... Quando tinha se tornado isso? Quando tinha se tornado alguém que não sabia o que as próprias filhas gostavam?

Franziu a testa para si mesma, sabia quando, sabia o porquê e no final era sempre a mesma coisa... A culpa era de Bruna.

A Babá- Yasnessa Where stories live. Discover now