Sentimentos (um conto inacabado)

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Fit sentiu o frio.

Não o frio por causa do clima, daqueles que a gente consegue espantar com um copo de café, um bom cobertor ou até uma roupa mais quente. Não, ele sentiu o frio que gela as entranhas, que parece congelar pensamentos e ações, o frio paralisante diante de uma situação inconcebível.

Fit sentiu esse frio ao dirigir o olhar para o spawn, por puro reflexo.

Porque Ramón estava ali, caído com o rosto no chão de pedras, o corpo coberto de sangue.

— Ramón? Ramón!

A raiva o tomou com um rompante. Ele largou o escudo no chão, passando a manusear o tridente com ambas as mãos para golpes mais certeiros e fortes. Depois de empurrar dois Olhos para longe e abrir um talho enorme no ombro de um, correu até o filho, a raiva borbulhando em seu âmago, cozinhando o estômago.

— Eu falei pra ir embora! — Gritou para a criança, em meio a pensamentos desesperados que rodeavam sua mente.

Enquanto gritava, alerta para qualquer ataque por suas costas, ele estancou o ferimento do filho com um pedaço de sua própria roupa. A criança estava trêmula, branca feito papel, e a quantidade de sangue no chão alarmava o adulto. Mas estava estável, ao menos o suficiente para fugir dali agora que os Olhos voltaram. Enquanto usava o tridente para aparar alguns golpes dos oponentes, sem se importar com os próprios ferimentos, Fit usou o outro braço para erguer o filho, ajudando-o a ficar de pé. Quando estavam ambos de pé, ele colocou-se imediatamente à frente do menino, os olhos carregados de ameaças para aqueles que haviam ferido sua criança.

— Pega a merda a pedra e se teletransporta pra longe, Ramón! Me escuta ao menos uma vez, porra! — Ordenou, e, segundos depois, ouviu o som característico da magia levando seu filho a um lugar seguro.

Então, sentiu alívio.

Família Rosa - uma coletâneaOnde histórias criam vida. Descubra agora