Ao voltarmos pra base

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Tema 2: Rotina diária

*

Cansado, Pac foi o primeiro da dupla a chegar na geladeira falsa no fundo do Suvaco Seco. Ele digitou 0413 no teclado conectado e logo escutou o clique familiar indicando que a passagem para a escada estava liberada. O ocultista puxou a geladeira de leve, revelando os degraus sujos, desgastados e marcados por sangue seco de tantos agentes que passavam feridos por ali.

— Você acha que o Phil já chegou? — Fit perguntou enquanto desciam as escadas, quebrando o silêncio instaurado desde o momento que entraram na vã para voltar para a base após a missão cumprida. — Ele vai querer os relatórios... e também não vai ficar muito feliz quando escutar as coisas que a gente descobriu...

Pac suspirou, piscando, e, por um momento, desejou fechar os olhos e poder dormir. Os pés tropeçaram no degrau, e ele teria caído se não fosse o marido o segurando com força.

— Ei, cuidado, baby! — Fit enlaçou a cintura do esposo, ajudando-o a descer até a base. — Tudo bem? Tá ferido? Precisa que eu chame a Mouse...?

— Não, não! To bem, amor, to bem — Pac balançou a cabeça, passando as mãos nos olhos com certa força. Nenhum deles estava muito ferido, afinal, havia sido uma missão até mais fácil do que as que estavam acostumados a participar já que tinham todos os documentos analisados. Mas vinham de alguns dias sem dormir em casa e, somando isso com investigações pesadas em uma casa abandonada e uma luta contra um grupo de cultistas de energia nos porões de uma igreja, era suficientemente cansativo até para agentes tão experientes. — Só tô cansado. E com saudade da Isa.

— Vamos sentar um pouco, o Phil não deve ter chego ainda — o combatente ofereceu, e Pac apenas balançou a cabeça. Estava tão exausto que a concentração para manter os rituais estava falhando e, por consequência, as tatuagens ao redor de seu corpo ficavam aparecendo e desaparecendo como um pisca-pisca. Era engraçado, e fez Fit rir um pouco. — Você precisava achar um jeito de manter essas tatuagens escondidas quando tá com sono.

— Eu to trabalhando nisso! — Pac resmungou. Ele se sentou em uma das mesas longas dispostas na área principal.

O lugar inteiro estava praticamente vazio. Apenas um agente com máscara de gás mexia em alguns documentos na mesinha no canto, e nem ergueu o olhar para eles; Pac engoliu em seco, inconscientemente levando a mão até a perna direita. Fit reparou e, de forma meio automática, colocou-se entre os dois, sentando de maneira que seu corpo grande escondesse o ex-cultista da visão do marido.

— Ele não vai te machucar, eu to aqui, não se preocupa — Fit sussurrou, coçando a pequena tatuagem que tinha na palma da mão. Era o símbolo do ritual para invocar a adaga de sangue durante batalhas, o mesmo que teria usado para proteger o marido quando um ataque de cultistas aconteceu. O combatente não conseguia se liberar da culpa de não estar na base naquele dia.

— Eu sei. Mas... argh, por que caralhos o Phil deixa ele andar solto por ai? — Pac resmungou. A adrenalina de ver a pessoa que praticamente arrancou sua perna ali, sentado com as pernas cruzadas em cima da mesa, foi suficiente para apagar todo o sono que estava sentindo. — Ele age como se fosse o dono do lugar!

— Eu também não sei! — Fit franziu as sobrancelhas, irritado.

O líder atual da Ordem, Philza, havia feito um acordo com alguns cultitas presentes no ataque da base. Em troca de não serem presos, eles trabalhariam junto com os agentes para combater o Paranormal; o problema é que Cell, o principal responsável pelo ataque, também havia recebido anistia, e isso enfurecia Fit ao ponto dele ter quebrado alguns objetos pessoais de Philza em um ataque de raiva ao descobrir.

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