Tema 3: Viajando
(aviso de conteúdo: menções a sequestros, palavrões, menções a machucados)
*
— Ei. Bora, acorda! — Uma voz irritada cortou o silêncio, ainda de madrugada, mas Pac ignorou. Ele estava tendo um sonho tão bom... — Bora, a gente precisa sair daqui.
— Você é muito chato, pô! — O fugitivo de Alcatraz resmungou, cobrindo o rosto com a mão. — Vai ver se eu tô na esquina!
— Já ficamos tempo demais nesse acampamento, logo alguém vai vir atrás da gente. — A voz soou mais irritada ainda, e Pac sentiu a ponta de uma bota o cutucando de leve nas costelas; não machucava, era apenas levemente irritante. Antes que pudesse levar mais um cutucão, o brasileiro segurou com firmeza o tornozelo da pessoa que o acordava, impedindo o ato.
— Você é muito chato, puta merda! — reclamou de novo, finalmente abrindo os olhos. Olhou para cima, o sol brilhando fazendo com que o homem de pé ficasse completamente nas sombras, e franziu as sobrancelhas. — Tu nem ficou de guarda ontem, dormiu a noite inteira praticamente.
O outro revirou os olhos, passando a mão pelos cabelos castanhos para afastá-los do rosto. Ele começou a andar ao redor de Pac, enfiando os poucos pertences que tinham em duas mochilas surradas.
— Você não me chamou porque não quis, Pac. — Fit deu de ombros, afastando-se um pouco para olhar pela entrada da caverna onde estavam. Com um pouco de sorte, haviam conseguido despistar as pessoas que seguiam eles e, graças a chuva torrencial da noite passada, os rastros que poderiam levar até eles haviam sido apagados, mas Fit não gostava de lidar com a sorte.
Tornava tudo imprevisível demais. E, do lugar de onde vinha, imprevisibilidade era sinônimo de morte.
— Não te chamei porque quis ser legal, e o que eu ganho em troca? — Pac resmungou, ainda irritado por ter sido acordado. Ele se sentou, passando a manga laranja do uniforme da cadeira no rosto, e rapidamente puxou os cabelos escuros para longe dos olhos, prendendo-os em uma trança mal feita.
— Em troca você ganha sua liberdade, idiota! — Fit resmungou de volta, embora parte de sua irritação fosse fingimento; ele odiava admitir, e certamente nunca falaria sobre aquilo, mas ver Pac irritado durante as manhãs era relativamente fofo. O brasileiro franzia o rosto em um bico emburrado, em atitude infantil, e Fit se divertia demais com aquilo.
— Tá. Já pegou tudo? — O ex-prisioneiro perguntou, pegando ao lado do saco de dormir uma muleta de ferro para apoiar o peso do corpo e colocando-se finalmente de pé. — Tem alguma coisa pra comer?
— Tem, mas é a última porção até a gente chegar no píer. — Fit entregou uma pequena sacola de couro para o colega de viagem, e também um cantil com pouca água.
Pac assentiu, abrindo a sacola para pegar um pedaço de pão e forrar o estômago; não era muito, mas, honestamente, estava acostumado com isso. Os dois estavam andando há dias em direção do píer, onde tentariam entrar escondidos em um barco em direção a uma nova vida, porém ainda tinham um longo caminho pela frente, e, para piorar, estavam sendo seguidos por caçadores de recompensas.
Era assim que haviam se conhecido: ambos fugiam de algo. Pac havia acabado de escapar de uma das maiores prisões de segurança, e Fit, cansado de viver em um lugar tão caótico e perigoso, também tentava escapar da vida que vivia. Nenhum dos dois planejavam fugir juntos, porém se esbarraram no meio do caminho e acabaram se ajudando algumas vezes até decidirem que unir esforços seria mais efetivo.
Desde então, Pac havia decidido que Fit era bonito e charmoso o suficiente para ser alvo de seus flertes diários, e o veterano havia decidido que o cientista era legal o suficiente para não ser morto por isso. As provocações se tornaram diárias, e as brigas também, e, no meio da confusão criada sem querer, os dois acabaram se tornando amigos.
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Em mais outros universos onde te encontrei
FanfictionQuando as almas de !Pac e !Fit se conectaram, uma promessa ressoou ppor todos os universos... a promessa de que, não importava o que acontecesse, eles sempre se encontrariam...