Dimensão Secreta

Capítulo 50

Local desconhecido

Uma fenda espaço-temporal se abre em um pacato vilarejo composto de inúmeras casas rústicas construídas em estilo oriental. Da abertura de fundo lilás saem Adrian Gecko, Antoine, Octavius e os duelistas membros da Legião Aurora.

— Até que enfim um lugar acolhedor! - Syrus Truesdale admira a cantoria dos coloridos pássaros nos telhados das casas.

— Hora de tirar a água do joelho! - Octavius procura um canto mais reservado.

— Não acredito que ele vai fazer isso na terra dos outros! - resmunga Alexis Rhodes.

— O Octavius não tem jeito, mademoiselle! - explica o bem-humorado Antoine. - Ele sempre foi assim! Acostume-se!

— Creio que o próximo passado será recarregar nossas energias por um tempo! - Bastion Misawa examina o vilarejo em busca de uma pousada.

— Acho que vem aí a comitiva de recepção! - Zane Truesdale aponta para um grupo de monges vindo na direção dos rebeldes.

— Sejam bem-vindos a Lhasa, capital do Tibet, guerreiros da liberdade! - saúda um dos monges, que se põe à frente dos demais.

— Gratos pelo acolhimento, Tenzin! - Adrian Gecko responde com o típico namastê.

— Sem querer ser chato - Syrus limpa a garganta. - tem certeza de que aqui é seguro?

— As fronteiras do Tibet são vigiadas pela Parvat Rakshak, ou "Guarda da Montanha" em sânscrito! - explica Adrian. - Ela é composta por monges usuários de Cosmo ou Força Terrena. Se os caras avistarem algo, um grande sino no centro de Lhasa será tocado como um aviso para os moradores se esconderem em galerias subterrâneas!

— Fiquem aqui pelo tempo que precisarem! - sugere Tenzin. - As coisas não andam fáceis ultimamente!

— Muita gentileza de sua parte, mas um dia será o bastante. Temos de retornar ao quartel-general da Legião Aurora o mais rápido possível! - explana Zane.

— Receio que isso não será possível, meu jovem. Não acompanhou o noticiário de ontem? - indaga Tenzin.

— Ih, lá vem bomba! - Octavius ergue as sobrancelhas.

— Estou com um mau pressentimento! - O coração de Antoine começa a palpitar.

— A base de operações da Legião Aurora foi destruída ontem. Por mísseis, ao que parece! - A explicação do monge leva o grupo inteiro a um emudecimento tão congelante quanto o vento que corre pela cidade.

— Oh, não! - Antoine quebra o silêncio, inicialmente em um tom baixo de voz. - A Siena! A Tessalia! O Seto Kaiba! E os outros conselheiros! Será que eles escaparam a tempo?

— A Legião Aurora sempre contou com um plano de emergência pra uma situação desse nível de calamidade! - Adrian mantém a calma. - Quando a poeira baixar, eles darão um jeito de nos contatar!

— Tomara! - Octavius abre o seu cantil metálico para ingerir uma nova dose de água e aplacar sua ansiedade.

Ilha da Madeira

Na principal ilha do arquipélago homônimo situado a pouco menos de 1000 quilômetros da costa portuguesa, um homem na faixa dos 40 anos vestindo um elegante terno vinho, camisa social rosada e sapatos marrons envernizados observa de uma das pequenas entradas da sua mansão a movimentação de navios em alto mar com a ajuda de um binóculo. Cerca de um minuto se passa e ele retorna ao casarão, cujos muros se encontram cobertos de musgos e descascados pelo tempo.

Uma vez adentrando a residência, o homem chega à grande sala de estar onde dois jovens portadores de discos de duelo o aguardam sentados em um sofá a poucos metros de uma lareira apagada. Um deles veste um traje semelhante ao de um caubói dos antigos filmes de faroeste e usa um tapa-olho improvisado com uma bandana enrolada na cabeça. O outro, um rapaz negro de olhos castanhos e penteado dreadlock, tem um pingente de ouro em volta do pescoço.