DIA 2
Colin estava com uma dor de cabeça latejante quando acordou na manhã seguinte, com o estômago roncando de fome e os raios de sol batendo contra o rosto. Irritado, virou-se para o lado, tentando fugir do incômodo, enquanto seus braços a procuravam automaticamente. Porém, sua ausência o fez despertar de repente. Ele ergueu a cabeça, olhando ao redor à procura dela, e só então as lembranças das últimas 24 horas o atingiram como uma facada no coração.
Na noite anterior, depois de terminar seu banho, ele a encontrou deitada de costas para a direção dele, encolhida sobre as pétalas de rosas. Sem saber como agir, ele apenas pegou um travesseiro e se acomodou no sofá para dormir. Mas o móvel era pequeno demais, duro e completamente desconfortável. Ele passou boa parte da noite sem conseguir pregar os olhos, sequer lembrava-se quando pegou no sono. E, agora, misteriosamente, estava deitado na cama — uma bem vazia, por sinal —, sem ao menos se lembrar de como tinha ido parar ali.
O lado em que ela dormira já estava gelado e quase intocado. Sentando-se no colchão, soltou um longo suspiro, como se aquilo pudesse aliviar de alguma forma a tormenta em seu peito, ao mesmo tempo em que se perguntava por que estava sendo tão masoquista consigo mesmo e egoísta com ela. Seria melhor deixá-la ir embora; garantir que ela tivesse os meios para se acomodar onde quisesse, junto com Felicity. Apesar de tudo, era o mínimo que ele deveria fazer. Deixá-la ali apenas alimentaria uma esperança fadada ao fracasso, prolongando o sofrimento de ambos.
Do outro lado do resort, Penélope estava sentada à mesa, esperando sua irmã aparecer para o café da manhã, enquanto se agarrava à sua segunda taça de mimosa do dia — e ainda nem eram 9 horas da manhã. À sua frente, a paisagem era deslumbrante. O céu, de um azul cristalino, se estendia sem uma única nuvem, encontrando-se com o mar que parecia infinito. Os pés, descalços, afundavam suavemente na areia branca, a textura quente e granulada lhe trazendo uma sensação de calmaria, embora sua mente estivesse atormentada, vagando pelos últimos acontecimentos.
A noite anterior tinha sido estranha, desconfortável e, de certa forma, esclarecedora. Obviamente, ela ficou magoada por ter sido tão duramente rejeitada. Não pelo ato em si, mas por ter percebido a ausência daquele olhar faminto. Como se Colin tivesse perdido completamente o interesse. Penélope não conseguiu dormir e já estava sem lágrimas quando sobressaltou-se com o barulho dele se movendo do sofá para a cama. Ele deslizou os braços ao redor de sua cintura, pressionando seu corpo quente contra as costas dela, enquanto sua mão serpenteava por dentro do decote, descansando firme em seu seio durante o resto da noite.
Só de lembrar o toque dele, um arrepio percorreu sua pele — ou talvez fosse apenas o vento gelado que vinha do oceano. O importante era que, de alguma forma, esse ato criara uma fagulha de esperança dentro dela. A certeza de que ele só precisava de mais tempo para digerir a história... tinha que acreditar nisso.
"Parece bom. O que você está bebendo?" indagou Felicity, pegando a taça das mãos da irmã, levando a bebida à boca enquanto colocava o prato cheio de comida na mesa. No entanto, antes mesmo que pudesse dar o primeiro gole, Penélope pegou de volta, arrancando a taça de suas mãos.
"Não! Ficou doida, garota?"
Com um misto de tristeza e empatia estampado no rosto, Felicity abraçou a irmã rapidamente antes de se sentar e questionar: "Bebendo a essa hora e sozinha? Está tão ruim assim?"
Penélope bufou, com um ar de cansaço. "Depende do que você chama de ruim."
Felicity franziu o lábio enquanto mordia um pedaço de pão sírio com salada de atum, refletindo por um instante antes de responder. "Bem... Acho que não deve estar tão mal, afinal, você está com mimosas, e não afogando as mágoas em conhaque puro ou vinho, como daquela vez..." Ela fez uma pausa, engolindo rapidamente, com uma careta ao relembrar as noites caóticas em Paris, quando a irmã bebia até perder os sentidos.
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Eclipse | Polin
RomancePenélope Featherington é apenas uma garota de 23 anos que carrega um pesado fardo. Filha de um barão que morreu quando ela tinha apenas 7 anos, viu sua família perder tudo - dinheiro, casa, e dignidade - devido a um homem poderoso. Apresentando-se c...